Casos de covid sobem e governo deixa 8 milhões de vacinas vencerem

Os casos de covid-19 voltaram a crescer no país na última semana epidemiológica, de 2 a 6 de setembro de 2024, segundo dados do Ministério da Saúde, e faltam vacinas para combater o vírus. 

A má gestão dos imunizantes deixou 8 milhões de doses contra o coronavírus perderem a validade. Além disso, 6 em cada 10 cidades do país enfrentam falta de vacinas básicas, segundo a CNM (Confederação Nacional de Municípios).

O governo federal desperdiçou ao menos R$ 260 milhões com a compra de vacinas Coronavac no final de setembro de 2023, quando o imunizante já não estava atualizado para as variantes da covid-19. 

A compra, que envolveu 10 milhões de doses, resultou em mais de 8 milhões de unidades vencidas ou próximas do vencimento. Os dados, obtidos via Lei de Acesso à Informação pela Folha de S.Paulo, revelam que apenas 260 mil doses foram aplicadas desde outubro de 2022.

O processo de aquisição da Coronavac, que começou em fevereiro de 2023, enfrentou diversos atrasos. A vacina foi comprada para a campanha de multivacinação infantil, mas as doses chegaram em outubro, meses após o previsto. 

A combinação de falta de vacinas com a alta no número de casos tende a resultar no aumento de mortes por covid. Os números do Ministério da Saúde já começam a registrar o crescimento, ainda que pequeno, nas últimas semanas.

Outras vacinas em falta

Faltam vacinas em 6 de cada 10 municípios, segundo pesquisa da CMN feita entre os dias 2 e 11 de setembro em 2.415 cidades. A vacina contra Varicela foi a de maior predominância, não chegando a 1.210 municípios. A vacina para proteger as crianças contra o vírus da covid-19 é a segunda mais em falta. Não há o imunizante em 770 municípios, com uma média de 30 dias de atraso.

No recorte por região, conforme a quantidade de municípios participantes, o Sudeste apresentou 68,5% de falta de imunizantes; o Sul, 65,1% (395); o Nordeste, 65,1% (370); o Centro-Oeste, 63% (136); e o Norte 42,9% (67). Justamente a região Sudeste é a que mais registra casos e mortes por covid.

A vacina Meningocócica C está em falta em 546 Municípios, com uma média de 90 dias sem a vacinao imunizante. 

Também foram apontadas como em falta: a Tetraviral, que combate o sarampo, a caxumba, varicela e a rubéola, em 447 municípios; a Hepatite A, em 307 Municípios; e a DTP,  que combate a difteria, tétano e coqueluche, em 288 Municípios.

A CNM explicou que o Ministério da Saúde é o responsável por fazer a aquisição e a distribuição de todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação para os Municípios, e os Estados de prover seringas e agulhas para que os entes locais possam realizar a vacinação na população. 

“É importante lembrar que a vacinação foi um dos eixos do desfile de 7 de setembro deste ano. Apesar disso, o que verificamos, infelizmente, foi a falta de imunizantes essenciais há mais de 30 dias na maioria das cidades pesquisadas e ainda o risco de retorno de doenças graves, como a paralisia infantil”,  destaca o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. 

Discurso dissonante

Para ele, a dissonância entre o discurso oficial do governo federal e a realidade municipal gera frustração e pressão sobre os gestores, que, além de lidarem com as expectativas da sociedade, enfrentam a falta de vacinas e insumos essenciais para garantir uma cobertura vacinal eficaz. “Estamos cobrando do Ministério da Saúde que disponibilize os imunizantes para vacinar as crianças e suas famílias o mais rapidamente possível”, completa Ziulkoski. 

O Ministério da Saúde foi procurado pelo Poder360 e não respondeu até a publicação deste post, com a justificativa de não ter tido tempo hábil. O espaço segue aberto para manifestação.

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