Do ‘vou ver e te aviso’ ao ‘estou chegando’: psicóloga explica que mentir faz parte do comportamento humano


Dia 1º de abril é lembrado como o Dia da Mentira. Psicóloga, Bel Garcia, de São José do Rio Preto (SP), fala sobre a prática de mentir e explica que excesso pode ser patológico; saiba como ‘desmascarar’ um mentiroso. Psicóloga, Bel Garcia, de São José do Rio Preto (SP), explicou que o ser humano tem uma habilidade natural de inventar histórias
Bel Garcia/Arquivo pessoal
Dia 1º de abril é lembrado como o Dia da Mentira. Por conta da data, as pessoas se preparam para uma maratona de pequenas mentirinhas, piadas e pegadinhas que, por mais bobas e pequenas que sejam, sempre arrancam boas risadas.
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O que é inegável é que todos já estamos familiarizados com as mentirinhas do cotidiano. Quem nunca soltou um “já estou chegando” enquanto ainda está dentro de casa, ou uma clássica “estou a caminho” enquanto ainda está entrando no banho?
💥 Não à toa, com 31,38% dos votos, “Vou ver e te aviso” foi a “mentirinha” vencedora da enquete do g1 aberta para eleger a que a população do noroeste de São Paulo mais conta no dia a dia (veja abaixo o resultado completo).
Mas, afinal, o que é que faz com que as mentirinhas sejam tão irresistíveis? Entrevistada pelo g1, a psicóloga Bel Garcia, de São José do Rio Preto (SP), explicou que o ser humano tem uma habilidade natural para inventar histórias, seja para se livrar de uma situação embaraçosa ou simplesmente para dar um toque de humor no dia.
Segundo a psicóloga, Paul Ekman, referência no estudo das emoções e da detecção da mentira, diz que a capacidade de enganar e omitir informações pode ter sido uma vantagem evolutiva para a sobrevivência e a socialização das pessoas.
Mas nem toda mentira é inofensiva. O excesso da mentira, no entanto, pode prejudicar relacionamentos, afetar a confiança e até se tornar algo patológico, aponta Bel. De acordo com ela, existe uma diferença clara entre quem solta uma mentirinha ocasional e quem faz disso um hábito incontrolável.
“A mentira se torna um problema quando é frequente, compulsiva e prejudica a vida da pessoa e de quem está ao seu redor. Por exemplo: a pessoa dizer que é médico, fazer atendimento como tal, sem ser médico”, exemplifica a profissional.
Entre alguns transtornos relacionados à mentira, a especialista indica um que merece atenção: a mitomania, caracterizado por mentiras crônicas e exageradas, sem um objetivo claro, além da dificuldade em distinguir realidade e ficção. Nesse caso, o problema deve ser trabalhado em terapia e com acompanhamento psiquiátrico.
Por que as pessoas mentem?
A mentira tem perna curta, mas corre rápido. A psicóloga aponta que as razões para mentir variam conforme o contexto, e estudos indicam que há diferentes motivações psicológicas para isso. Algumas das principais são:
Evitar consequências (mentir para escapar de punições ou problemas);
Proteger a si mesmo ou aos outros (mentiras sociais para evitar conflitos ou magoar alguém);
Obter resultados (mentiras manipulativas para conseguir poder, dinheiro ou reconhecimento);
Manter uma autoimagem positiva (mentiras para parecer mais competente ou bem sucedido);
Hábito ou impulso (mentira compulsiva em pessoas que perderam o controle sobre esse comportamento).
Bel ainda reforça que é necessário os adultos ficarem atentos ao que dizem perto das crianças para que a mentira não seja uma consequência de comportamento adquirido na infância.
Como desmascarar um mentiroso?
A mentira é difícil de ser reconhecida, mas é possível descobrir através da observação: alguém que vai contar uma mentira precisa pensar em todas as possibilidades e se lembrar disso depois. Conforme a profissional, algumas estratégias para desmascarar incluem:
Observar padrões: uma mentira isolada pode ser pontual, mas mentiras frequentes indicam um problema maior.
Dialogar sem confrontar: em vez de acusar diretamente, pergunte e tente entender o que levou uma pessoa a mentir.
Estabelecer limites: se a mentira compromete a confiança, é importante deixar claro os impactos desse comportamento.
Promover um ambiente seguro: muitas mentiras surgem do medo de vingança ou exclusão. Criar um espaço de diálogo pode reduzir a necessidade de mentir.
Buscar ajuda profissional: se a mentira é constante e prejudicial, a terapia pode ser um caminho para compreender as motivações por trás do comportamento e buscar mudanças.
No caso da mentira eventual, a psicóloga recomenda conversar com a pessoa e buscar entender por que ela opta pela mentira em vez de contar a verdade. Já em casos patológicos, é necessário diagnóstico e acompanhamento psicológico e psiquiátrico e, em alguns casos, o tratamento é associado à medicação.
Enquete
A “mentirinha” eleita pelos participantes como a que mais contam no dia a dia é “Vou ver e te aviso” com 31,38% dos votos. Na sequência, aparece o “Depois a gente combina”, com 23,53% dos votos. Em terceiro lugar, “Estou chegando”, com 17,65% dos votos. No total, foram registrados 51 votos.
Veja o resultado final abaixo:
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