A bombeira militar Tainá Pauli completaria 29 anos nesta segunda-feira, 31 de março. No entanto, um dia antes, no domingo, 30 de março, familiares, amigos e colegas de corporação se reuniram para a despedida de Tainá. Ela morreu durante um curso de mergulhador autônomo do Corpo de Bombeiros Militar e, 12 dias após o incidente, as causas do afogamento ainda não foram esclarecidas.
Tanto o Corpo de Bombeiros Militar de SC como os familiares preferiram não se pronunciar sobre as circunstâncias do acidente que levou Tainá à morte, até a conclusão do inquérito policial. O espaço segue aberto para o posicionamento do CBMSC.
O que se sabe até o momento é que Tainá participou de um curso de mergulho em grandes profundidades no dia 19 de março, no Rio Itajaí-Açu, com outros bombeiros de diferentes cidades do estado. Durante um dos treinamentos, ela mergulhou, mas não voltou à superfície.
A bombeira foi resgatada, mas por ter ficado muito tempo submersa, ela foi retirada da água com afogamento grau 6, o estágio mais grave na escala, caracterizado por parada cardiorrespiratória e ausência de sinais vitais.
Tainá Pauli é homenageada com cortejo e velório coletivo em SC – Foto: Vanessa Soares Coimbrah
Nesse nível, a vítima precisa de reanimação imediata, incluindo RCP (ressuscitação cardiopulmonar) e suporte avançado de vida, para tentar reverter o quadro. Mesmo que a pessoa seja reanimada, há alto risco de sequelas neurológicas devido à falta de oxigenação no cérebro.
Tainá foi levada em estado grave ao hospital e ficou dez dias na UTI, falecendo na última sexta-feira (28). Em um ato de generosidade, sua família autorizou a doação de órgãos, perpetuando sua missão de ajudar o próximo.
“No último ato heroico, ela salvou muitas vidas”, disse muito emocionada uma familiar. “A decisão nobre de sua família em autorizar a doação de seus órgãos trouxe uma nova chance de vida para outras pessoas. Agradecemos profundamente aos familiares pela confiança e por permitir que esse gesto de amor e esperança fosse possível”, escreveu o hospital.
O que é o curso de mergulho autônomo?
O curso de mergulho autônomo é uma das qualificações mais importantes e tradicionais dos corpos de bombeiros, conhecido pelo alto grau de dificuldade. Os alunos receberam instruções sobre técnicas que serão utilizadas em buscas, resgates e operações subaquáticas, o que envolve muito preparo físico e mental.
Tainá ingressou na corporação após atuar como enfermeira, sempre movida pelo desejo de ajudar o próximo – Foto: Corpo de Bombeiros Militar
Os bombeiros mergulhadores passam por treinamentos rigorosos para lidar com a baixa visibilidade, correntes fortes e outras adversidades subaquáticas, garantindo a segurança da operação e aumentando as chances de sucesso nos resgates.
Esse tipo de mergulho é essencial em missões de salvamento, recuperação de corpos, resgate de vítimas de afogamento e até inspeção de estruturas submersas, como pontes e embarcações. Por isso, além de aprender a usar o equipamento de mergulho, manobras de segurança e identificação de sinais de perigo, os alunos se tornam aptos a enfrentar situações de emergência no ambiente aquático.
Se tivesse concluído o curso, Tainá teria sido a primeira mulher do batalhão de Chapecó a se formar no mergulho autônomo, um feito que inspiraria muitas outras profissionais da área.
Bombeira morta completaria 29 anos nesta segunda-feira
A bombeira militar completaria 29 anos nesta segunda-feira, 31 de março. Em homenagem à sua memória, o 6º BBM (Batalhão de Bombeiros Militar) de Chapecó, no Oeste catarinense, realizou uma cerimônia especial em frente ao quartel, onde foram soltos 29 balões.
O velório reuniu familiares, amigos e colegas de farda no ginásio de esportes Verde Vale, em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis. O evento foi aberto ao público, permitindo que todos que desejassem prestar suas últimas homenagens pudessem se despedir.
Bombeira morta em treinamento de mergulho é homenageada com cortejo e velório coletivo em SC – Foto: Vanessa Soares Coimbrah
Tainá ingressou na corporação após atuar como enfermeira, sempre movida pelo desejo de ajudar o próximo. Foi no Corpo de Bombeiros que encontrou sua verdadeira paixão e decidiu seguir uma nova jornada na carreira militar.
A morte precoce gerou grande comoção entre familiares, amigos e companheiros de corporação. Muitas homenagens foram prestadas àquela que sempre esteve disposta a salvar vidas.
A irmã de Tainá compartilhou uma emocionante homenagem em suas redes sociais, destacando a coragem e o amor ao próximo que marcaram sua trajetória. O governo do estado decretou luto oficial por três dias.
