Uma mudança sem justificativa

Um dia histórico na história da Tupy: hoje (23) o governo federal assumiu a gestão de uma das maiores fabricantes mundial de blocos e cabeçotes para indústria automotiva comercial e de passeio. Por decisão dos acionistas majoritários (BNDES e Previ) o eng. Fernando Cestari de Rizzo deixa a presidência da empresa que ocupava desde 2018 para dar o lugar ao presidente do Conselho do BNDES, Rafael Lucchesi, 58 anos, que estava como diretor da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Assim que o jornal Valor anunciou a mudança no último dia 18, as ações da Tupy (b3) caíram 7%.

Assembleia será hoje

O conselho de administração é formado por nove integrantes, sendo três deles indicados pelo Governo Federal (os ministros Carlos Lupi e Anielle da Silva e o ministro do CGU Vinicius de Carvalho). O banco estatal BNDES possui 28,2% das ações e o Fundo previdenciário dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) 24,8%. Juntos, contam com seis dos nove conselheiros. A gestora de investimento de São Paulo Trigono tem 10% e os minoritários (abaixo de 5%) 36,9%.

Explicações

Como a decisão já foi tomada, certamente o presidente do conselho de administração irá justificar tão surpreendente mudança. O portal Neofeed ouviu algumas fontes e revelou que, com o aumento das tarifas do presidente norte-americano Trump, principalmente sobre produtos da Tupy – e suas consequências futuras – a empresa precisaria, segundo elas, de um presidente com maior “trânsito” e maior capacidade de “relacionamento” com o mercado internacional.

Trump e o Brasil

O presidente norte-americano não precisaria consultar a CIA para saber que o novo presidente da Tupy é um representante do governo Lula, seu notório desafeto político. Quem seria o mais indicado para tratar das questões de tarifas e ter maior relacionamento com o mercado norte-americano: alguém nomeado por Lula ou um presidente técnico, sem vinculação direta com o governo federal? Lembrando que entre os acionistas minoritários encontram-se alguns fundos de pensão de professores dos Estados Unidos, entre outros.

Importância da empresa

Fundada em 1938 por três famílias de imigrantes germânicos (Schmidt, Metz e Schwartz), a Tupy progrediu fabricando tubos e conexões de ferro. Mais tarde, sob a presidência de Hans Dieter Schmidt, ingressou no mercado automotivo fornecendo blocos de motores e cabeçotes, hoje sua atividade principal.  Há décadas é uma das maiores empregadoras privadas no município. Apesar de ser altamente automatizada, sua produção exige um número significativo de mão de obra não especializada. Milhares de pessoas vieram de várias partes do país para Joinville – enchente de Tubarão e estiagem na agricultura – e aqui tiveram a porta de entrada pela Tupy.