Brasil criou 100 mil empregos formais em janeiro, antecipa Marinho

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse nesta 2ª feira (24.fev.2025) que o Brasil criou mais de 100 mil empregos formais em janeiro de 2025. Ele antecipou dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que só seriam divulgados na 4ª feira (26.fev.2025), segundo o calendário do órgão.

Marinho discursou em cerimônia de assinatura do contrato de navios da Transpetro pelo Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou.

Marinho disse que o governo está criando empregos de qualidade para os trabalhadores. Afirmou que, nos 2 primeiros anos de Lula, houve a criação de 3,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada. O cálculo não considera informais e MEI (microempreendedor individual).

“Na 4ª feira desta semana vamos anunciar o Caged de janeiro. Saiba que o Caged de janeiro vem com mais de 100 mil empregos criados no mês de janeiro deste ano, começando o ano criando empregos de qualidade”, disse.

A criação de 100 mil empregos está bem acima das projeções dos agentes financeiros. As estimativas obtidas pelo Poder360 variavam de 40.000 a 60.000. O anúncio de Marinho movimentou os ativos do mercado financeiro.

O dólar comercial subiu para R$ 5,75 na máxima do dia. O Ibovespa, principal índice de ações da B3 (Bolas de Valores de São Paulo), tinha queda de 1,07% às 16h06, aos 125.786 pontos. Atingiu 125.748 pontos na mínima.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2027 subiram 0,11 ponto percentual, para 14,49% ao ano. Já os contratos com vencimento em janeiro de 2028 avançaram para 14,34%, com alta de 0,11 ponto percentual.

POLÍTICA MONETÁRIA

O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, reforçou na última semana que o Copom (Comitê de Política Monetária) subirá a taxa básica, a Selic, na próxima reunião, de março. Afirmou que vai ser “desconfortável”, mas que a a autoridade monetária está muito incomodada com a inflação fora da meta.

Galípolo sinalizou que os dados de atividade econômica serão fundamentais para o Banco Central decidir os futuros patamares da Selic. Portanto, dados mais fortes de criação de emprego podem ter efeito na inflação de serviços e pressionar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para fora da meta. O cenário poderia exigir uma Selic mais elevada nos próximos meses.

O Banco Central subiu a taxa básica para 13,25% ao ano em janeiro. Sinalizou que irá elevar para 14,25% ao ano em março. O juro base está há 3 anos acima de 10% e, segundo as projeções dos agentes financeiros, atingirá o patamar de 15% neste ano, o maior nível desde 2006.

A Selic elevada serve para controlar a inflação, que está em 4,56% no acumulado de 12 meses. Está acima da meta de 3% e além do teto (4,5%) permitido. O Banco Central disse que deverá descumprir a meta de inflação em junho.

O presidente Lula  disse nesta 4ª feira (12.fev.2025) que Galípolo vai “consertar” os juros”, mas precisa de tempo. Antes, era crítico do ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto.

AGENDA PÚBLICA

Apesar de participar do evento, Marinho não divulgou a agenda pública desta 2ª feira (24.fev). Na noite de domingo (23.fev.2025), somente 4 dos 38 ministros de Lula publicaram os compromissos.

O e-Agendas (Sistema Eletrônico de Agendas do Poder Executivo Federal) é de uso obrigatório para registro e divulgações das informações de compromissos públicos. Deve ser atualizado diariamente, segundo a lei.

PRÁTICA ANTIGA

No governo Michel Temer (MDB), os dados do Caged foram compartilhados frequentemente pelos jornais antes da data prevista de divulgação oficial. O Ministério do Trabalho e Emprego compartilhava com exclusividade para jornalistas antes do anúncio oficial do órgão.

Em 2018, o calendário de publicação do Caged não foi respeitado pelo próprio ex-presidente em, pelo menos, duas ocasiões. Temer publicou em sua conta do X a criação de 100 mil empregos com carteira assinada em agosto de 2018.

O ex-presidente divulgou ainda que o Brasil criou 33.000 empregos formais em maio de 2018.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) antes do anúncio oficial do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na época, o IBGE disse que institutos oficiais de estatísticas de outros países fazem divulgações com antecedência para autoridades. No Brasil, a norma estabelece que o IBGE poderá divulgar às 7h os resultados e o sumário-executivo na lista de precedência.

As informações divulgadas são sensíveis aos agentes que operam no mercado financeiro. Dados que estão fora do esperado podem provocar mudanças nos preços de ativos e provocar ganhos ou perdas para os investidores.

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