PGR denuncia Bolsonaro, Braga Netto e Mauro Cid por suposta tentativa de ‘Golpe de Estado’

A Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou nesta segunda-feira, 18 de fevereiro de 2025, a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022. A denúncia, que também inclui outros nomes de destaque como o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, tem como base a conclusão de investigações realizadas pela Polícia Federal (PF).

Denúncia e Acusações

A PGR acusa Bolsonaro e seus aliados de terem planejado, promovido e participado ativamente de uma tentativa de golpe com o objetivo de subverter o resultado das eleições presidenciais de 2022. O ex-presidente e seus cúmplices foram denunciados pelos crimes de Golpe de EstadoAbolição violenta do Estado Democrático de Direito e Organização criminosa. Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite a denúncia, Bolsonaro e os outros envolvidos passarão a responder a um processo criminal.

Além de Bolsonaro, também foram denunciados o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que também é delator no caso. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, são outros nomes incluídos na denúncia.

Relatório da Polícia Federal

A denúncia segue o relatório da Polícia Federal (PF), que, em novembro do ano passado, concluiu pelo indiciamento de Bolsonaro e mais 36 pessoas envolvidas na trama golpista. Em dezembro, a PF complementou o relatório, elevando o número total de indiciados para 40. Segundo a PF, a investigação revelou a existência de seis núcleos golpistas que atuaram de forma coordenada para desestabilizar a democracia brasileira.

Os núcleos golpistas identificados pela PF foram:

  1. Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: Responsável por disseminar mentiras sobre o processo eleitoral, especialmente sobre as urnas eletrônicas, para descredibilizar a eleição.
  2. Núcleo de Incitação a Militares: Focado em ampliar os ataques a militares que resistiam às investidas golpistas e incitar a participação militar nas manifestações.
  3. Núcleo Jurídico: Elaborava e assessorava minutas de decretos e atos inconstitucionais, incluindo propostas de medidas ilegais para contestar o resultado da eleição.
  4. Núcleo Operacional de Apoio: Responsável por manter as manifestações golpistas em frente aos quartéis e mobilizar recursos logísticos e financeiros para sustentar a resistência.
  5. Núcleo de Inteligência Paralela: Coletava informações estratégicas, incluindo dados sobre ministros do STF e sobre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
  6. Núcleo Operacional de Medidas Coercitivas: Planejava ações violentas, com ameaças de assassinatos ou captura de figuras chave, como o presidente eleito Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Penalidades

A tentativa de golpe, conforme os crimes descritos, pode levar os envolvidos a cumprir penas significativas. As penas para Golpe de Estado variam de 4 a 12 anos de prisão, enquanto a Abolição violenta do Estado democrático de Direito pode resultar em penas de 4 a 8 anos. Já a participação em Organização criminosa é passível de punição de 3 a 8 anos de prisão.

Outros Processos

Além da tentativa de golpe, o ex-presidente Jair Bolsonaro já enfrenta outros processos investigativos. Em 2024, ele foi indiciado pela Polícia Federal em dois casos distintos: o das joias sauditas e a fraude no cartão de vacinas, que envolvem suspeitas de corrupção e manipulação de documentos públicos.

O Futuro do Caso

Agora, o STF terá que analisar a denúncia da PGR. Se aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros envolvidos se tornarão réus e enfrentarão um processo penal. A decisão do Supremo será acompanhada com grande atenção pela população e pelo cenário político, já que o caso marca um capítulo importante na luta contra a impunidade e na preservação do Estado de Direito no Brasil.

Este caso representa uma tentativa de subversão da democracia, e as investigações da Polícia Federal e a ação da Procuradoria-Geral da República têm como objetivo garantir que os responsáveis sejam responsabilizados por suas ações.

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