Eleições na Alemanha: imigração foi tema de destaque em debate dos candidatos


Pela primeira vez, os quatro principais candidatos ao governo da Alemanha se enfrentaram em um debate na televisão neste domingo (16), a uma semana das eleições parlamentares no país. O chanceler do Partido Social Democrata (SPD), Olaf Scholz , o ministro alemão da Economia e do Clima, Robert Habeck, o candidato conservador a chanceler e líder do partido União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, e a colíder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, comparecem ao programa de TV ‘Quadrell’ da RTL e NTV em Berlim
Kay Nietfeld/Pool via REUTERS
Pela primeira vez, os quatro principais candidatos ao governo da Alemanha se enfrentaram em um debate na televisão neste domingo, a uma semana das eleições parlamentares no país.
Entre os principais tema da discussão estiveram imigração, o “cordão sanitário” contra a ultradireita e o novo governo dos Estados Unidos.
Na discussão, o chanceler alemão, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), debateu com seu principal rival, o democrata-cristão Friedrich Merz, do bloco conservador CDU/CSU que lidera as pesquisas, com em torno de 30% das intenções de voto.
Também estiveram presentes Alice Weidel, do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), atual segundo lugar nas pesquisas, com cerca de 20%, e o atual vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde.
Os verdes estão em quarto lugar nas sondagens, com cerca de 13%, atrás dos sociais-democratas de Olaf Scholz, que têm em torno de 15%.
“Cordão sanitário” no palco
Esta foi também a primeira vez que a candidata do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, enfrentou seus outros três principais rivais num confronto direto televisionado, em meio a um debate sobre a ascensão da extrema direita na política alemã.
O resultado foi um isolamento da líder de extrema direita no palco. Ele recebeu duras críticas dos outros três candidatos, que fizeram questão de se distanciar dela. Eles reforçaram o compromisso que não irão colaborar com a AfD, mantendo o chamado “cordão sanitário” contra a sigla.
Já Weidel assumiu uma posição de outsider, apontando os outros três adversários, líderes de partidos estabelecidos que estão ou já estiveram no governo, como os responsáveis pela crise que atinge a Alemanha.
Críticas a Merz por aceitar votos da AfD
O debate foi também mais uma oportunidade para o conservador Friedrich Merz, destacar mais uma vez que não vai colaborar com a AfD, partido que ele rotulou de “radical de direita”.
O líder oposicionista vem sendo criticado nas últimas semanas por ter levado recentemente ao Parlamento uma moção aprovada com votos do partido de ultradireita. Foi a primeira vez que um texto é aprovado no Parlamento alemão com apoio da AfD, embora ele não tenha caráter vinculativo.
A medida foi alvo de duras críticas dos outros partidos e gerou uma série de protestos nas ruas do país, um dos últimos reuniu milhares de pessoas neste domingo em Berlim. Muitos viram a iniciativa de Merz como a quebra de um tabu e um rompimento do chamado “cordão sanitário” contra a extrema direita.
No debate, Scholz vinculou a imagem do partido de Weidel ao nazismo de Hitler, lembrando que o atual presidente de honra da AfD afirmou em 2018 que o período da Alemanha nazista representou apenas um “cocô de passarinho nos mil anos de sucesso da história alemã”.
Declarações de J.D Vance
Aliás, esse “cordão sanitário” na política alemã foi alvo de críticas no fim de semana em um discurso do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, na Conferência de Segurança de Munique.
Os comentários de Vance foram tematizados. O chanceler Olaf Scholz descreveu as afirmações do vice de Donald Trump como “completamente inaceitáveis”.
Vance criticou o isolamento contra a ultradireita sugerindo que o “cordão sanitário” contra a extrema direita é uma ameaça à democracia. Scholz rebateu afirmando que a Alemanha aprendeu com seu passado nazista para descartar qualquer cooperação com partidos de ultradireita.
Por sua vez, o líder conservador Friedrich Merz disse que, caso se torne chanceler, não vai permitir que um “vice-presidente americano me diga com quem tenho que falar na Alemanha”. Ele afirmou ainda que aceitou o resultado da eleição nos Estados Unidos e espera que “o governo americano faça o mesmo” em relação à Alemanha.
O verde Robert Habeck afirmou que Donald Trump lançou “um ataque frontal contra os valores do mundo ocidental”. Já Alice Weidel defendeu a declaração de J.D. Vance.
Imigração
Esse debate ocorre poucos dias após um ataque em Munique, quando duas pessoas morreram após um carro ter sido jogado contra uma multidão. O suspeito é um solicitante de asilo do Afeganistão.
O incidente, junto com outros dois ataques nas últimas semanas realizados por imigrantes, trouxe a política de imigração para o centro da campanha eleitoral.
Scholz disse fará tudo para continuar limitando a imigração irregular que, segundo ele, caiu 17% durante o seu governo. Já seu rival Friedrich Merz afirmou que as deportações atuais são insuficientes. Nesse ponto, o conservador converge com a candidata de ultradireita Alice Weidel, da AfD, partido que faz do combate a imigração um de seus principais temas.
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