Incêndios superam desmatamento na destruição da Mata Atlântica

Um estudo divulgado em janeiro pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) aponta que os incêndios foram a principal causa da devastação da Mata Atlântica, mesmo com a queda no desmatamento

A pesquisa, baseada em dados do Monitor do Fogo do Mapbiomas, aponta que a área afetada por incêndios foi 3 vezes maior que a do desmatamento no 1º semestre de 2024, atingindo 67 mil hectares contra 21,4 mil hectares, respectivamente. Leia aqui a íntegra do estudo.

O levantamento mostra um crescimento de 636% na área afetada por incêndios em comparação ao ano anterior, 2023, totalizando 993.117 hectares. Esse aumento não só destaca a extensão do dano ambiental, mas também a vulnerabilidade do bioma, que é altamente fragmentado e possui a maior concentração populacional do país.

Entre 1985 e 2023, 11,6 milhões de hectares da Mata Atlântica foram queimados, com 61% em áreas antrópicas e 39% em vegetação nativa, especialmente florestas não adaptadas ao fogo.

Gráfico mostra área mensal queimada entre 2020 e 2024:

Gráfico com área mensal queimada da Mata Atlântica

Ane Alencar, diretora de ciência do IPAM, destaca a associação dos incêndios a eventos climáticos extremos e ao uso humano do fogo, muitas vezes criminoso.

“O aumento do fogo reflete eventos climáticos extremos, como seca e calor recordes, associados ao uso humano do fogo, muitas vezes de maneira criminosa. São fatores que exigem maior articulação entre governos e sociedade para evitar novos desastres ambientais e sociais”, afirmou Alencar.

Para combater esses incêndios, especialistas apontam como fundamental a implementação da Política Nacional de Manejo do Fogo (Lei 14.944/2024), que exige gestão coordenada entre todas as esferas governamentais e a sociedade civil.”

Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, ressalta a importância de ações locais, rápidas e integradas para prevenir danos maiores ao bioma.

“É fundamental, no entanto, garantir sua implementação efetiva, especialmente em anos como o de 2024, marcado por recordes de calor e seca. A ação local, rápida e integrada é decisiva para prevenir danos maiores ao bioma”, explicou.


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