Estudo revela importância dos dinossauros para o desenvolvimento pedagógico das crianças

Um estudo recente das Universidades de Indiana e Wisconsin revelou uma descoberta especial – o amor por dinossauros na infância pode ter impactos significativos no desenvolvimento pedagógico das crianças. 

Balneário Camboriú tem o único parque temático e pedagógico voltado para os dinos no Brasil – o Aventura Jurássica. 

Thor Cugnier, autista que é escritor e ilustrador de quatro livros, produtor de animações com personagens criados por ele, e muito fã de dinossauros, trabalha no parque.

A pesquisa citada analisou o comportamento de crianças que demonstravam intenso interesse por dinossauros. Os resultados indicaram que essas crianças não apenas alcançaram um desempenho pedagógico superior, mas também desenvolveram habilidades cognitivas mais avançadas em comparação com outras na mesma faixa etária que não compartilhavam o mesmo interesse.

O paleontólogo Ciro Cabreira, que atuou na criação do Aventura Jurássica, conta que há um tempo atrás trabalhou em um projeto para instalar um parque no Rio Grande do Sul, onde surgiram os dinos, que são brasileiros. 

“Essa pesquisa que fala sobre a ligação das crianças com os dinossauros e os impactos significativos não é recente. Desde 2008 um paleontólogo, Jim Kirkland, tem um trabalho bem interessante sobre isso. As crianças têm fases de crescimento, até certa idade não sabem quem são, depois começam a descobrir o mundo ao redor, começam a se interessar pelo externo, descobrem que não têm controle sobre tudo, e começam a ter interesses”, conta.

Escavações no sul acompanhadas por estudantes (Divulgação)

No Rio Grande do Sul, Ciro tinha o hábito de chamar as escolas para acompanhar as escavações – quando o animal estava bem exposto, chamavam escolas, crianças, para verem de perto. 

“Como experiência própria – duas dessas crianças que estão em fotos que temos, hoje são paleontólogos. As crianças conseguem reter 90% daquilo que experimentam. A criança gosta do lúdico, de brincar, e toda criança tem atração, no caso dos autistas é o hiperfoco e nas crianças que não são autistas é o hiper interesse, e muitas desenvolvem isso por dinos, junto com as fadas, super heróis… e o diferencial é que os dinos existiram, estiveram no mundo. As crianças realmente aprendem, decoram. O Thor, por exemplo, sabe muito! Eu fui revisar um livro dele e não encontrei nada de erro sobre dinos, o conteúdo estava perfeito”, acrescenta.

Paleontólogo Ciro (Arquivo Pessoal)

O paleontólogo aponta ainda que o parque Aventura Jurássica foi montado pensando também na questão educativa e pedagógica, pois está em forma temporal e real, da origem, período intermediário até o final, fornece conhecimento pedagógico e é uma ferramenta que pode ser utilizada por escolas – inclusive o Aventura já realizou tours com professores para lhes apresentarem o parque, porque há o interesse em estar mais próximo das crianças. 

“Estima-se que um terço das crianças se interessa por dinos em alguma fase da vida – na infância 30%, pode até abandonar depois, mas em alguma fase da infância vai se interessar. Eu tive minha fase, larguei, e depois voltei e estou até hoje apaixonado porque é uma área infinita”, diz.

Paixão por dinos se tornou profissão de Thor

(Arquivo Pessoal)

Thor é muito conhecido em Balneário Camboriú como escritor de quatro livros e também foi notícia nacional por trabalhar no Aventura Jurássica, com um vídeo que foi filmado pela prima dele. 

“Eu acho fascinante os dinossauros, pois eles são criaturas que não vimos vivos, mas sabemos que existiram. E graças aos fósseis, cada um deles pode contar uma história sobre como foi a vida desse animal. E é por isso que eu acho fascinante e assim me inspira mais pela vida à nossa volta”, diz.

O fato de gostar de dinossauros o fez mergulhar na literatura e animação, ‘viajando no tempo, criando cores, sons, hábitos, alimentação, local e data, essas coisas’ – como ele mesmo descreve. 

(Arquivo Pessoal)

O primeiro emprego de Thor é no Aventura Jurássica, onde ele faz o tour com visitantes. 

“O impacto é gigantesco, magnífico ao ver as réplicas de dinossauros e ensinando as pessoas sobre como era a vida desses animais, os seus hábitos, dieta e local. Isso me dá uma satisfação imensa de compartilhar o meu saber com os demais. Se perguntar se eu gosto do que faço, a resposta simples é sim, eu gosto do que faço, pois quando se ama o que faz, dá nisso”, afirma.

A mãe de Thor, Cláudia, conta que não sabe precisar exatamente quando é que essa paixão por dinossauros tomou conta da vida do Thor, mas lembra que ficava sempre muito impressionada que ele ainda não dominava as habilidades de leitura escrita e já sabia tudo sobre os dinossauros. 

“Uma coisa que sempre impressionou muito é porque, de modo geral, são nomes muito complicados, nomes compridos, difíceis de serem inclusive pronunciados e eu lembro que ele, mesmo não lendo e escrevendo, a gente investia muito em livros. Numa livraria, ele procurava os livros sobre dinossauros. Então, isso fez também com que ele aprofundasse esse interesse, essa paixão pela literatura. Não lendo e não escrevendo, naquela época, ele conseguia nomear os dinossauros, falar sobre quem, como eles eram e onde estavam e isso nos impressionava”, observa.

Thor ampliou muito o seu conhecimento através dos livros, documentários, minisséries do universo infantil, e o amor segue até hoje. Inclusive, quando a família viaja, Thor usa o interesse dele sobre dinossauros para fazer pesquisas e definir o roteiro, onde poderiam ir, qual museu teria tal dinossauro, onde ele gostaria de ir para visitar tal dinossauro. 

“Ele faz pesquisa sobre esse dinossauro, ou ele sabe um pouco sobre a origem, e acho isso muito interessante, que era uma coisa que antes não fazia parte da nossa história. É pelo conhecimento do Thor, pelo interesse, que nós também somos conduzidos a levá-lo para esses lugares onde tem a temática que ele gosta”, acrescenta.

Cláudia avalia que o fato do Thor ter como primeiro emprego um lugar onde ele pode fazer o que mais ama, não sabe dizer se é sorte ou privilégio, porque o parque poderia estar em tantos outros lugares em Santa Catarina e está na cidade onde eles moram, Balneário Camboriú. 

“O Thor tem a sorte de trabalhar num lugar que o acolheu da forma como ele é e valorizam aquilo que ele faz. Isso é um grande privilégio; que maravilhoso seria se todas as pessoas pudessem trabalhar fazendo aquilo que amam. Quando alguém pergunta se ele gosta de trabalhar, ele sempre responde ‘como não gostar de trabalhar se eu amo o que eu faço?’, então, assim, é muito bacana isso e um grande privilégio”, completa.

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