Carrefour diz manter “diálogo” para retomar abastecimento de carnes

A Carrefour confirmou nesta 2ª feira (25.nov.2024) que fornecedores suspenderam o envio de carne para as lojas da empresa no Brasil.

“Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes […] estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível”, disse a empresa ao Poder360.

No entanto, a companhia não fez comentários sobre desabastecimento de carne nas lojas.

Na semana anterior, diversos frigoríficos e associações do setor pecuarista do Brasil suspenderam o fornecimento de carne –incluindo frango– para as lojas brasileiras da Carrefour, que também controla a Sam’s Club e o Atacadão.

A medida é uma resposta à declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, de que a rede deixaria de comprar carne do Mercosul para o mercado francês.

Em nota enviada ao Poder360, a matriz afirmou que a medida será aplicada apenas na França, após pressão de agricultores do país contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O pacto criaria um fluxo de comércio de até R$ 274 milhões em produtos manufaturados agrícolas, além de um mercado comum de 780 milhões de pessoas.

“Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”, declarou a empresa.

Leia a íntegra da nota, em inglês:

A matriz foi procurada novamente para comentar sobre a situação das lojas brasileiras, mas não respondeu até o momento da publicação da matéria.

AUTORIDADES REAGEM

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou a decisão do Carrefour francês de “protecionismo europeu” contra o Brasil e disse que pautará propostas de “reciprocidade econômica entre os países”.

“Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente da França com o Brasil. E deverá ter nesta semana, por parte do Congresso Nacional, em sua pauta, a lei da reciprocidade econômica entre os países”, declarou Lira em discurso na abertura do Global Voices, promovido pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), nesta 2ª feira (25.nov). O evento é realizado em São Paulo.

Carlos Fávaro, do Ministério da Agricultura, disse que a mobilização do setor brasileiro representa “a soberania e o respeito a legislação” em resposta ao “protecionismo desproporcional” da França.

O presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), esteve entre aqueles que pediram o boicote à empresa francesa.

“Se a carne brasileira serve para ser consumida nas lojas do Carrefour e de todas suas outras empresas aqui no Brasil, ela serve também para a Europa”, afirmou Lupion.

O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil) também sugeriu um boicote ao Carrefour, em vídeo publicado na última 5ª feira (21.nov) em seu perfil no Instagram.

“Respeitamos o direito do Carrefour de selecionar os seus fornecedores. Entretanto, nós brasileiros também temos o direito de comprar de quem quisermos. Se o Brasil não serve para vender carne para eles, então essa empresa não deveria ser bem vista aqui”, declarou.

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