‘Grande mérito é dela’, diz médica sobre tratamento que permitiu a atleta voltar às Olimpíadas após diagnóstico de câncer


Raquel Kochhann, porta-bandeira do Brasil na abertura, fez cirurgia de mastectomia e passou por quimioterapia. Neste domingo (28), atleta do rugby estreia contra a França. Raquel Kochhann é confirmada como porta-bandeira da delegação brasileira
O câncer de mama diagnosticado em Raquel Kochhann, capitã da seleção feminina brasileira de rugby e porta-bandeira do Brasil nas Olimpíadas, é hereditario e representa em torno de 10% a 15% dos casos registrados. A doença, segundo a médica da atleta Bianca Boneti, ocorre quando a paciente nasce com a mutação no gene BRCA1, herdada dos genitores.
Natural de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, Raquel descobriu o câncer há dois anos, após participar das Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Ela fez mastectomia, passou por quimioterapia e segue em tratamento. Neste domingo (28), após o bom resultado dos procedimentos, a brasileira retorna aos campos na competição contra a França, às 12h.
“É realmente uma conquista pessoal dela, mas é uma satisfação enorme para mim como médica e como pessoa”, disse a oncologista Bianca.
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Raquel tem 31 anos e foi porta-bandeira do Brasil na abertura das Olimpíadas, na sexta-feira (26). A mãe da catarinense, Vera Lúcia Dewes Kochhann, que também teve câncer de mama, acompanhou a solenidade com a família em Santa Catarina.
Terceira vez nos jogos, além de Tóquio, Raquel esteve presente também na competição do Rio-2016. A catarinense que joga atualmente no Rio Grande do Sul e antes do rugby praticou futebol, tinha como meta retornar à competição Olímpica após a descoberta do câncer.
“Eu não me esqueço quando a gente começou o tratamento, a gente estava conversando sobre várias coisas, mas para mim ficou muito claro que, de tudo que ela estaria perdendo naquele momento do tratamento, ela queria muito estar nos Jogos Olímpicos. É uma satisfação enorme, profissional e pessoal de poder estar junto com ela, ter ajudado ela”, explicou a médica.
Isaquias Queiroz e Raquel Kochhann serão os porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris
Jornal Nacional/ Reprodução
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Exemplo para outras pacientes
Segundo a Bianca, Raquel é um exemplo para outros pacientes. De acordo a médica, desde o início do tratamento ela se manteve positiva, cuidou do corpo e da mente. Além da alimentação, a prática de exercícios físicos eram parte da rotina.
“Que ela seja um grande exemplo para todas as pacientes oncológicas, para todos os pacientes, que é possível mesmo em tratamento, ter uma qualidade de vida fenomenal que nem ela está tendo. Claro que ela busca muito essa qualidade, ela é uma atleta, ela vive saudavelmente, mas ela não vive só o corpo, ela também vive espiritualmente, isso era visível nas consultas a mente sã”, afirmou a profissional.
Raquel Kochhann, porta-bandeira do Brasil nas Olimpíadas de Paris, com uniforme brasileiro
Wander Roberto/COB/Divulgação
Enérgica desde pequena
Entrevistada pelo g1, a mãe de Raquel contou que a atleta sempre teve muita energia. “Desde bem pequena, ela sempre teve atitudes própria e com 2 anos já ia a pé com o mano no jardim. Aos 3 anos, trepava nos pés de frutas para colher frutos para ela e o mano mais velho”, disse.
A família mora em Pinhalzinho, no Oeste de Santa Catarina, distante cerca de 10 quilômetros de onde nasceu.
“Sempre no período que não estava na escolinha estava conosco trabalhando na roça. Muitas vezes, nem conseguia segurar as ferramentas de tão pesadas, mas nunca desistiu”, completou.
A irmã Izabel Kochhann, de 25 anos, contou que a atleta brincava com bonecas de um jeito diferente:
“Quando a Raquel era bem pequenininha, ela ganhou uma caixa de 12 bonecas e ela arrancou cabeça por cabeça de todas as 12 bonecas para jogar futebol. Quando uma estragava, ela arrancava a outra”, declarou a irmã.
Raquel Kochhann, porta-bandeira do Brasil nas Olimpíadas de Paris, com a irmã, Izabel
Izabel Kochhann/Arquivo pessoal
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