Emerson Luis. Esporte: Sentimento raiz

A gente fala tanto do futebol profissional que acaba ignorando a força e a tradição do futebol amador da região.

Que se mostra por vezes mais organizado e planejado para a disputa de uma determinada competição (e até mesmo de uma temporada) do que nossos clubes profissionais.

Loes e Atlético Itoupava na Associação do Badenfurt. Foto: Kauan Ramos

Por mais que a maioria das pessoas tenha herdado a paixão por um time grande do país, elas são bairristas, tradicionalistas.

Se unem, apoiam e compram a ideia.

Sobretudo quando há gente séria e comprometida liderando um projeto.

Dessa maneira, sempre vai existir mobilização, para que o futebol na comunidade não morra.

Canto do Rio e Salto do Norte no Estádio Edmundo Hort no Progresso. Foto: bruna.fotosesportivas

É o que temos visto no Campeonato Municipal promovido pela Liga Blumenauense de Futebol (LBF).

Pode ter Fla-Flu, Grenal ou um clássico paulista na TV aberta.

Não importa.

O jogo de domingo a tarde no futebol amador é sagrado.

Time sendo saudado pela torcida do Canto do Rio. Foto: bruna.fotosesportivas

Mudou bastante, é verdade.

Antes se jogava pelo amor à camisa.

Depois pela gasolina, a gelada, a carne, o samba, o pagode, a resenha…

Pagava-se um ou outro “bicho” pela vitória ou título.

O importante era a confraria entre jogadores, comissão técnica, diretores, apoiadores e torcedores.

Todo mundo junto.

Misturado e feliz.

Loes passou pelo Atlético Itoupava na semifinal. Foto: Kauan Ramos

Essa atmosfera ainda existe.

Porém, em menor escala.

Até porque muitos dos boleiros de hoje em dia jogam dois, três e até quatro partidas em um fim de semana.

Nos mais variados torneios e ambientes (campo, suíço, soccer, salão).

Pois, há muito tempo o futebol amador de amador mesmo só tem o nome.

Thiago Cristian, ex-jogador do Metropolitano, com a camisa do Salto do Norte. Foto: bruna.fotosesportivas

O investimento é alto.

Assim como o nível dos jogadores – vários, ex-profissionais.

Como o goleiro Martin Becker que defendeu o Atlético Itoupava.

O volante Marcelo Godri que está no Canto do Rio.

O meia Thiago Cristian e o atacante Bruninho que jogaram pelo Salto do Norte.

Todos, por coincidência, passaram pelo Metropolitano.

Loes fez a melhor campanha da 1ª fase seguido do Canto do Rio. Foto: Kauan Ramos

Destaque para Ronaldo Júnior Barbosa Oliveira, o Coquinho, do Canto do Rio, artilheiro do Campeonato Municipal com 11 gols.

O atacante de 30 anos vai jogar só a partida de ida da final.

Na quarta-feira que vem (7) vai embora.

Para ficar com a família no Pará por cerca de uma semana.

Depois viaja para o Caribe Francês.

Vai retomar a carreira profissional no As Le Gosier da primeira divisão de Guadalupe.

Carreira que tinha se encerrado em 2021 no Amazônia Independente do município de Santarém, da segunda divisão do Pará.

Seu começo foi no Tigres do Brasil de Duque de Caxias RJ.

Rodou pelo futebol de Martinica e Guadalupe (ambos no Caribe), Honduras, Desportiva Paraense, Cametá, Bragantino (todos do Pará) e Potiguar (Rio Grande do Norte).

Ronaldo Barbosa nos tempos do CD Vida de Honduras. Foto: ogol.comn.br

Adriano Burigo, responsável pela montagem dos times por onde passa, o descobriu em Timbó, onde os dois moram e se enfrentaram pelo campeonato amador local.

O dirigente inicialmente levou Coquinho para o Atlético Itoupava onde disputou o Interligas.

Na sequência, fechou com o Canto do Rio.

Elenco do Canto do Rio: Foto: bruna.fotosesportivas

Equipes finalistas (Canto do Rio e Loes) e até mesmo as semifinalistas (Salto do Norte e Atlético Itoupava) gastaram (e ainda vão gastar) em média, por jogo, de R$ 5 mil a R$ 8 mil.

Jogadores e comissão técnica do Atlético Itoupava. Foto: Kauan Ramos

Naquela famosa engenharia, que também acontece no futebol “profissional”.

Pega R$ 100 de um, R$ 200 de outro, R$ 500 daqui, mais R$ 1000 dali…

Salto do Norte investiu pesado e caiu para o Canto do Rio na semifinal, nos pênaltis. Foto: bruna.fotosesportivas

Tá cheio de gente boa de bola.

Que nunca recebeu uma oportunidade.

Ou optou por um trabalho, digamos, normal, para atuar só nos dias de folga, e não correr o risco de não receber o salário em dia.

No caso do amador, é pago na hora, no vestiário mesmo.

Na semifinal, empate no Atlético Itoupava e vitória do Loes no Badenfurt. Foto: Kauan Ramos

Canto do Rio e Loes medem forças neste sábado (3), às 16h, no Edmundo Hort.

Washington Barbosa Lemos será o árbitro.

Auxiliares: Emerson Mafra e Jonas Ralf Richter.

Quarto árbitro: Elisanderson Mariotto.

Delegada: Fabiana de Almeida Borga.

Washington Barbosa Lemos apita a primeira partida da final. Foto: Kauan Ramos

A diretoria trabalha com uma estimativa de 900 a 1000 torcedores – a entrada é de graça.

O público do Garcia tem comparecido em peso.

Na final de 2019, quando foi vice-campeão, ao perder a final para o Salto do Norte, o estádio do Canto do Rio recebeu 1720 torcedores.

Torcida e mascote do Canto do Rio. Foto: bruna.fotosesportivas

Em tese, baseado em estatísticas, o favoritismo é do Loes.

Que na fase de classificação, na 5ª rodada, aplicou 4 x 0 no Canto do Rio.

Único invicto (seis vitórias e um empate, com o Atlético Itoupava).

A segunda melhor campanha foi do adversário (cinco vitórias, um empate e uma derrota, justamente para o rival).

Canto do Rio e Salto do Norte decidiram a vaga nos pênaltis. Foto: bruna.fotosesportivas

Tendência de um grande jogo!

A famosa geral raiz. Foto: bruna.fotosesportivas

O futebol amador respira.

Oxalá se concentre apenas no gramado, com um jogo franco e leal.

De preferência, sem pancadaria fora de campo, como a que foi protagonizada no último domingo na Rua Santa Maria.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de repórter/setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é apresentador, repórter, produtor e editor de esportes do Balanço Geral da NDTV Blumenau. Na mesma emissora filiada à TV Record, ainda exerce a função de comentarista, no programa Clube da Bola, exibido todos os sábados, das 13h30 às 15h. Também é boleiro na Patota 5ª Tentativa 

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