Lula defende política severa para combater violência contra a mulher

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta 5ª feira (12.set.2024) que o governo tenha políticas mais severas para “acabar com a violência contra a mulher”. O governante, no entanto, não fez menção ao recente caso do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, que foi acusado de ter assediado sexualmente várias mulheres, inclusive a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

“Nós precisamos ter uma política muito severa para acabar com a violência contra a mulher. Nós precisamos ter uma briga porque a mulher não pode ser vítima de um cara que não tem escrúpulo. Se o cara quer beber para ficar violento com a mulher, ele que beba e dê cabeçada na parede do bar que ele bebeu, mas não vá para casa para ofender sua companheira, para agredir sua companheira”, disse ao discursar em Belford Roxo (RJ), no lançamento da Rede Alyne. O programa tem como meta reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027.

Lula disse que os homens sabem como “fabricar um filho”, mas que muitas vezes não têm a “sensibilidade de saber o que a mulher sofre da gravidez ao parto” e não sabem dos riscos que as grávidas correm neste período.

“Queremos criar o programa para que a mulher seja atendida com decência, para que faça todos os exames necessários, para que faça todas as fotografias que queira fazer do útero para ver a criança. Que vá ao médico e saia de lá com saúde e uma criança muito bonita no colo”, disse.

Lula se emocionou ao contar que sua 1ª mulher, Maria de Lourdes da Silva, morreu no parto do 1º filho do casal, em 1971. O bebê também faleceu. “Hoje eu tenho certeza absoluta que foi relaxamento, que foi falta de trato porque as pessoas pobres muitas vezes são tratadas como se fossem pessoas de 2ª categoria. E se é pobre e mulher negra, é tratada como se fosse de 3ª categoria”, disse.

Embora tenha exaltado o papel da mulher e tenha defendido mais rigor no combate à violência de gênero, o presidente evitou mencionar as acusações contra Almeida. O ex-ministro foi demitido na 6ª feira (6.set.2024) por Lula devido às acusações de assédio sexual. A ministra Anielle Franco contou a integrantes do governo ter sido uma das vítimas.

O Poder360 confirmou com assessores do Planalto que Lula já sabia sobre as acusações pelo menos uma semana antes de o caso ter se tornado público na 5ª feira (5.set.2024), após reportagem do Metrópoles. O presidente pediu que o controlador-geral da União, Vinícius de Carvalho, interpelasse Almeida sobre o caso. O ex-ministro nega ter assediado sexualmente qualquer mulher. O governo só tomou medidas concretas em relação ao caso depois de ele ter sido publicado.

O comunicado oficial da demissão informou que as “graves denúncias” que recaem sobre Almeida levaram Lula a considerar “insustentável a manutenção do ministro no cargo”. A nota ainda destaca que “nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada” no governo.

A nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, acompanhou Lula no evento. Foi seu 1º compromisso público depois de ter sido indicada ao cargo na 2ª feira (9.set.2024). Ao encerrar seu discurso, Lula apresentou Macaé, fez um resumo dos cargos que já ocupou e disse que ela cuidará dos direitos humanos no Brasil.

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