A dívida da Venezuela com o Brasil voltou a crescer de forma preocupante. Apenas nos três primeiros meses de 2025, o valor do débito aumentou em 53 milhões de dólares — o equivalente a R$ 311 milhões na cotação atual (R$ 5,87 por dólar). Segundo o Ministério da Fazenda, o valor total já chega a US$ 1,766 bilhão, ou R$ 10,369 bilhões em moeda nacional.
No final de dezembro de 2024, a dívida estava em US$ 1,713 bilhão. Com os novos acréscimos, a Venezuela acumula, mês a mês, valores referentes principalmente a juros de mora, já que não vem cumprindo os pagamentos acordados.
Débito cresceu mais de US$ 500 milhões desde 2023
O aumento do débito não é um problema recente. Em maio de 2023, quando o ditador Nicolás Maduro foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília com honras de chefe de Estado, o valor pendente estava em US$ 1,27 bilhão.
Pouco depois, em julho do mesmo ano, foi instalada uma mesa técnica de negociação entre os dois governos. As conversas envolveram reuniões virtuais e trocas de informações entre técnicos do Ministério da Fazenda brasileiro e representantes venezuelanos.
O objetivo, segundo o ministro Fernando Haddad, era “reprogramar o pagamento” da dívida, originada em operações de financiamento às exportações de bens e serviços por empresas brasileiras, realizadas com aval do governo brasileiro via Fundo de Garantia à Exportação (FGE).
Rombo continua crescendo sem solução
As negociações, porém, não avançaram. No final de maio de 2024, a dívida já estava perto de US$ 1,6 bilhão. Em 31 de julho, cresceu mais US$ 75 milhões. Entre agosto e dezembro, outros US$ 39,7 milhões foram acrescidos ao montante.
Em 2025, o crescimento do rombo continua. Sem sinal de pagamento ou acordo formal, o Brasil segue absorvendo o prejuízo, enquanto a Venezuela mantém sua inadimplência com o Tesouro Nacional.
A situação reforça as críticas à reaproximação política entre Lula e Maduro e aumenta a pressão por transparência e firmeza nas negociações bilaterais, já que o calote afeta diretamente os cofres públicos brasileiros e o contribuinte.