SÃO PAULO: CAMINHADA DO SILÊNCIO PEDE COMBATE À IMPUNIDADE DA VIOLÊNCIA DE ESTADO

Ato em São Paulo também defendeu a prisão de Bolsonaro e generais

Ativistas, pesquisadores, advogados, estudantes e familiares de mortos ou desaparecidos participaram neste domingo da 5ª Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado. A caminhada começou em frente ao antigo Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Rua Tutoia.

O tema do ato foi “Ainda estamos aqui”, inspirado no filme de Walter Salles premiado pelo Oscar deste ano e dedicado à memória da advogada Eunice Paiva.

O objetivo da caminhada é preservar a memória histórica e combater a impunidade das violências cometidas pelo Estado, tanto no período da ditadura militar quanto na atualidade. 

Os manifestantes levaram cartazes com fotos de desaparecidos durante a ditadura e faixas com pedido de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento na trama golpista que resultou no ataque de 8 de janeiro de 2023. Os ativistas também reivindicaram a prisão do general José Antônio Belham, apontado como um dos responsáveis pela morte do deputado federal cassado Rubens Paiva.

5ª Edição da Caminhada do Silêncio pelas vítimas de violência do Estado, próximo ao Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos no Parque Ibirapuera. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil.

O ato terminou no Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque Ibirapuera.

A mobilização foi organizada pelo Movimento Vozes do Silêncio, representado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, Instituto Vladimir Herzog e a Organização dos Advogados do Brasil (OAB-SP). Conta ainda com apoio de diversas organizações da sociedade civil, como a Anistia Internacional Brasil, a Comissão Arns e a União Nacional do Estudantes (UNE), além do mandato do deputado estadual Antonio Donato (PT), autor da lei que incluiu o evento no calendário oficial da cidade de São Paulo.

VIOLÊNCIA

5ª Edição da Caminhada do Silêncio pelas vítimas de violência do EstadoFoto: Paulo Pinto/Agência Brasil.

A coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog, Lorrane Rodrigues, acredita que a caminhada contribui para o debate sobre a cultura de violência para além do contexto da ditadura militar.

– Esse ano estivemos mais próximos de coletivos e movimentos que fazem essa discussão no Brasil contemporâneo. Sentimos o apoio das pessoas, da comunidade, para realizar essa caminhada como esperávamos. E assim a gente marca mais um ponto nessa história – avalia Lorrane.

O diretor-executivo do Núcleo de Preservação de Memória Política, Maurice Politi, ressalta a presença na caminhada de mães de jovens mortos pela Polícia Militar. Ele lembra que o ato marca os 61 anos da ditadura e, por isso, foi realizado no primeiro domingo depois das datas relacionadas ao início do golpe (31 de março e 1º de abril).

– A caminhada também cumpre o papel de reunir sobreviventes desse período, além de familiares de mortos e desaparecidos – destaca Politi. “Tivemos a presença da Vera, filha do Rubens e Eunice Paiva, da procurador Eugênica Gonzaga, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, e de vários artistas.”

Por Agência Brasil – São Paulo

Edição: Juliana Cézar Nunes

 

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