Haddad defende destinar R$ 1,3 trilhão para clima até 2035

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta 3ª feira (1º.abr.2025) “canalizar” pelo menos R$ 1,3 trilhão para o financiamento climático dos países em desenvolvimento até 2035. Em viagem à França, disse que a colaboração com o país europeu é crucial em tempos de “incertezas econômicas e desafios globais”.

Haddad participou nesta 3ª feira (1º.abr.2025) da cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França, em Paris. Ele teve reunião com o ministro das Finanças da França, Éric Lombard. Eis a íntegra do discurso divulgado pelo Ministério da Fazenda (PDF – 34 kB).

Segundo Haddad, o Diálogo Econômico-Financeiro está “estruturado sobre novas bases e inserido em um contexto auspicioso das relações bilaterais”. O ministro lembrou da visita do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil. Na época, em março de 2024, os países assinaram acordos em meio ambiente e energia.

“Na ocasião, nossos líderes nos instruíram a intensificar os contatos e a avançar nas discussões sobre temas econômico-financeiros”, disse Haddad. “Temos a oportunidade de continuar a trabalhar pelo adensamento da cooperação econômica, com especial atenção à área de financiamento para a transformação ecológica, bem como à construção de uma tributação mais justa e ao desenvolvimento de projetos econômicos estratégicos”, completou.

Durante o discurso, Haddad disse que o bicentenário das relações diplomáticas com a França será em janeiro de 2026. Afirmou que os países compartilham valores e princípios universais, como:

  • Defesa intransigente da democracia;
  • Centralidade do multilateralismo;
  • Importância da preservação ambiental;
  • Desenvolvimento sustentável.

Haddad disse que o cenário atual é de incertezas econômicas e desafios globais. Afirmou que o diálogo é um passo importante para enfrentar os desafios. “Mesmo com um cenário externo adverso, o desempenho da economia brasileira em 2024 apresentou um crescimento de 3,4% em relação ao ano anterior. Esse número expressivo, aliado à taxa de desemprego de 6,6%, a menor da série histórica, e ao aumento de 6,2% na massa de rendimentos real dos trabalhadores, demonstra a resiliência da nossa economia”, disse.

Haddad disse que o cenário exige medidas para promover crescimento econômico, renda e emprego.

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Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda – 1º.abr.2025

Da esquerda para a direita, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Finanças da França, Éric Lombard

CLIMA

Haddad disse que o Plano de Transformação Ecológica está em andamento. Citou a emissão de títulos soberanos sustentáveis, recursos que foram alocados no Fundo Clima para financiar a transformação ecológica.

“Estamos comprometidos em criar uma taxonomia sustentável que facilite o acesso a recursos financeiros para projetos que atendam a critérios ambientais e sociais rigorosos. Essa ferramenta é crucial, pois orienta investidores e empresas a fazerem escolhas de investimento que beneficiem o planeta e a sociedade, criando um fluxo de atração de investimentos”, disse o ministro.

Haddad disse que o plano busca desenvolvimento do hidrogênio verde e de combustíveis limpos. Haddad disse que a COP-30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), que será realizada em novembro em Belém (PA), marcará 20 anos da entrada em vigor do Protocolo de Quioto e 10 anos do Acordo de Paris.

Ele defendeu que os ministérios da Finanças devem mobilizar recursos para o financiamento climático. Afirmou que o objetivo é canalizar, pelo menos, R$ 1,3 trilhão para projetos do meio ambiente até 2035.

O ministro declarou que uma iniciativa em curso que deve mobilizar os bancos e investidores internacionais é o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês). O fundo remunera os países que mantêm florestas em pé.

A falta de ambição nas reformas necessárias ao enfrentamento dos efeitos extremos causados pelas mudanças climáticas será vista como uma falta de compromisso, pois não haverá liderança global no século XXI que não seja definida pela liderança climática, conforme indicado pelo Presidente da COP-30 em sua primeira carta”, declarou.

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Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda – 1º.abr.2025

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Finanças da França, Éric Lombard, em reunião em Paris

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