Família em situação de vulnerabilidade esperava por casa popular desviada por vereador

Exclusivo: família fala com a reportagem da Folha. Veja como ajudar!

Uma família residente na zona rural de Canela aguardava há meses pela construção de uma casa popular prometida pela prefeitura. No entanto, o material destinado à moradia nunca chegou ao seu destino. A família só descobriu pela imprensa, que havia sido contemplada com a casa e que o kit teria sido encontrado em uma propriedade particular do vereador João Port Silveira, conhecido como Joãozinho (MDB).

O vereador, que ocupou cargos na Defesa Civil e na Assistência Social e Habitação do município, foi preso em flagrante na última terça-feira (25) sob suspeita de desviar o material para sua propriedade. Após audiência de custódia, na quinta-feira (27), a Justiça decretou sua prisão preventiva, e ele foi transferido para uma casa penal em Caxias do Sul.

Ainda, na sexta (28), a Polícia Civil realizou a apreensão de diversos materiais de construção, como aberturas (portas e janelas), vaso sanitário, cimento e telhas, que seriam, em tese, ainda parte que completaria a casa popular, guardados em um galpão de propriedade vizinha ao sítio que pertence ao vereador.

A reportagem da Folha de Canela esteve no local onde a família mora para entender a situação em que vivem e ouvir seu relato sobre a promessa da casa que nunca chegou. A localidade em que mora a família e seus nomes foram preservados em razão da vulnerabilidade da família e da presença de crianças.

“Ele fez a gente assinar documentos, mas nunca entregou a casa”

A mulher de 21 anos, que deveria ter recebido a casa popular, contou com exclusividade à Folha de Canela como foi o processo de espera e a decepção ao descobrir que a moradia havia sido desviada.

“Primeiro, antes das eleições, veio o banheiro. Depois das eleições, quando ele se elegeu vereador, a gente pediu a casa. Ele veio aqui e a gente assinou um documento. Ele pedia foto da identidade, e a gente mandava. Depois fez a gente ir lá na Assistência Social, a gente fez um procedimento. Outra vez ele veio aqui e tivemos que ir lá de novo. Na terceira vez, ele ligou dizendo para a gente ir lá de novo, mas não fomos. Depois disso, ele não respondia mais minhas mensagens sobre a casa. E um dia ele disse que ia demorar muito porque ano eleitoral era complicado”, relatou.

Ela conta que o vereador só voltou a procurá-los na terça-feira, pouco antes de ser preso. “Ele ligou dizendo que era para a gente ir até ele o quanto antes. Mas a gente já sabia que ele tinha sido preso”, disse.

Segundo a mulher, a família nunca chegou a ver o material da casa. “Ele falou que eu tinha pedido para ele guardar o material, mas eu nunca falei nada. A gente nem sabia que tinha ganhado a casa”, explicou. A descoberta só veio pela imprensa. “Eu vi no Facebook que a casa estava no sítio dele. Foi então que soubemos que era para a gente”, afirmou.

Família vive em situação precária

A propriedade rural abriga duas famílias. Em uma das casas, vivem um casal de idosos, de 64 e 72 anos, sendo que o homem enfrenta problemas de saúde. Na outra residência, que deveria ter sido substituída pela casa popular, moram um casal e quatro crianças: uma bebê de três anos, um menino de sete, um de dez e uma menina de 13 anos.

A casa atual tem graves problemas estruturais. “Tá chovendo tudo dentro de casa, e a gente precisava de outra, porque a roupa das crianças estava apodrecendo com a chuva”, contou a moradora.

Apesar da situação, a família ainda não recebeu nenhum apoio formal da prefeitura após a prisão do vereador. “Da Assistência Social, ninguém me falou nada. A única ajuda que recebemos foi da Ane, que mandou uma sacola de roupas e material escolar”, relatou.

Atualmente, a principal necessidade da família é alimentação. Além disso, eles precisam de fraldas, roupas de cama, móveis e calçados.

Como ajudar

O senhor de 72 anos necessita de roupas e calçados. Já a menina de três anos de idade precisa de fraldas e leite.

A maior necessidade dos meninos também é calçados, eles calçam 30 e 35, respectivamente. A menina mais velha, de 13 anos, calça 34/35.

Além disso, o menino de sete anos tem sério problema odontológico e precisa de tratamento urgente.

Em termos de estrutura, um guarda-roupa e roupas de cama são os itens de mais necessidade.

A mulher de 21 anos disponibiliza um número de WhatsApp, no qual pode-se fazer contato com a família: (54) 9.9351-4405.

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