Frases da Semana: “Não lembro de momento econômico tão bom”

“Se eu conhecesse ele há mais tempo, eu tinha casado com ele” – Alcione, a Marrom, se declarando para Alexandre de Moraes durante show. Cuidado, o PT dizia que ele era golpista, fascista e advogava para o PCC. 

“Mulher sem homem é como um peixe sem bicicleta” – Grazi Massafera, atriz. A diferença é que o peixe não passa o dia todo tuitando sobre como ele não precisa de uma bicicleta. 

“O caldo de ossos se popularizou como uma fonte de rejuvenescimento da pele” – manchete do Metrópoles, portal de notícias. Por que envelhecer comendo picanha, se você pode rejuvenescer comendo osso? 

“Em toda minha vida pública, não lembro de momento econômico tão bom” 

Simone Tebet, ministra do Planejamento. Ela parece aquela tia catatônica que, de repente, acorda, solta uma besteira e volta a hibernar.

“Alta dos alimentos foi provocada por aumento da renda” – Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social. Sim, provocada pelo aumento da renda dos atravessadores. 

“A Carla Zambelli tirou o mandato da gente” – Jair Bolsonaro, sobre incidente envolvendo a ex-deputada, cassada essa semana, na véspera das eleições de 2022. Falaram para ela que precisavam de uma bala de prata, e ela levou ao pé da letra. 

A Semana do Presidente 

“Para economizar passagem aérea, eu vim um pouco antes” – Janja Lula da Silva, sobre extensão da viagem ao Japão. Se ficar no Brasil economiza ainda mais. 

“Essa implicância com a Janja é a expressão mais pura do sexismo brasileiro. Querem uma esposa invisível bela recatada do Palácio” – Marcelo Rubens Paiva, escritor. Recatada é difícil, bela talvez impossível, mas invisível já seria um risco alto demais para os cofres públicos. 

“Por favor” – Naruhito, imperador do Japão, falando português ao receber Lula. Segundo testemunhas pouco confiáveis, a frase completa que ele aprendeu foi: “Por favor, não leve meu relógio nem meu celular, honorável Pixuleco-san”. 

“Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula!” – propaganda do Partido dos Trabalhadores (PT), sobre o novo empréstimo consignado do FGTS. Prefiro meu agiota de confiança, que ao menos se sentiria constrangido de confiscar o meu dinheiro só para me emprestar de volta cobrando juros. 

Casa dos Artistas 

“Choro de caçula de Bolsonaro faz Mário Frias parecer grande ator” – alfinetou Bernardo Mello Franco, articulista d’O Globo. 

“Difícil é alguém fazer você parecer um jornalista” – respondeu Mário Frias, ator e ex-secretário da Cultura. 

Cantinho da América 

“Trump deportou 137 venezuelanos que o Governo acusou, sem evidências, de fazer parte de uma gangue” – Raquel Krähenbühl, jornalista. Não havia evidência alguma, exceto pelas tatuagens de gangue estampadas no rosto. 

“Como, pela primeira vez na história americana, um presidente ganhou todos os estados-pêndulo? E seu melhor amigo é o dono da internet” – Rosie O’Donnell, atriz americana, insinuando que Trump teria fraudado as eleições de 2024 com a ajuda de Elon Musk. Um amigo do presidente, que se acha dono da internet, fraudando as eleições. Que loucura, bicho. 

“O Governo Trump acidentalmente me enviou seus planos de guerra por mensagem” – Jeffrey Goldberg, editor da revista americana The Atlantic. Certa vez, pensei terem vazado uma mensagem do governo sobre o deslocamento de canhões de guerra, mas era apenas uma reunião entre Janja, Gleisi e Anielle. 

O Golpe do Estado 

“Não há governo que não possa eliminar a criminalidade. É um absurdo. O Estado brasileiro é muito maior e mais poderoso que qualquer organização criminosa” – Nayib Bukele, presidente de El Salvador. Ser grande e poderoso não é motivo para embarcar em missões suicidas. 

“Até a máfia tem código de conduta” – Alexandre de Moraes. Quem sou eu para questionar a expertise do magistrado no ramo. 

“As condutas da investigada revelam seu completo desprezo pelo Poder Judiciário, comportamento que justifica a fixação de multa diária” – sentença de Alexandre de Moraes, condenando mulher por “promover desinformação”. Agora se olhar torto para o Moraes é crime. A menos que você seja o Cerveró. 

Batom na Estátua 

“[O Supremo] atua com o fígado. A pena é absurda” – Walter Maierovitch, jurista, sobre pena aplicada a mulher que pichou estátua com batom no 8 de janeiro. Fígado? Pelas sentenças, eu juraria que julgam com outro órgão.  

“Se a Débora tivesse roubado a Petrobras, estaria livre” – Sérgio Moro, senador (União-PR). Inclusive, tudo indica que a estátua é quem estaria sendo investigada. 

“Débora virou abóbora” – Juca Kfouri, comentarista esportivo, debochando da sentença de 14 anos aplicada contra a mãe de duas crianças. Abóbora nem é tão ruim; imagine se fosse um vegetal mais inútil, tipo o Juca. 

“Não há perdão para quem atenta contra o regime democrático” – Celso de Mello, ex-ministro do STF, sobre o caso Débora. Se for delinquir, opte por algo mais civilizado, como lavagem de dinheiro. Ajude o STF a te ajudar. 

O (julgamento do) golpe tá aí, cai quem quer 

“Supremo decide que tipo de democracia o Brasil quer ser” – Josias de Souza, colunista do UOL. Como (ainda) não podem escolher o povo, eles se contentam em decidir só o regime mesmo. 

“Imprevisível” – Paulo Gonet, Procurador-Geral da República, sobre julgamento de Bolsonaro no STF. Um sujeito míope assim não tem cacoete para estar nesse cargo. 

“Há pessoas que acham que é um ato de coragem atacar um juiz. Não, é uma covardia, porque ataca um poder desarmado” – Flávio Dino, ministro do STF. Covardia mesmo, especialmente se você atacar o Flávio Dino de um lado e o guarda-costas dele estiver do outro – vai levar uns dois dias para dar a volta e te pegar. 

“Golpe de Estado mata” – Flávio Dino. E o que não mata, engorda. 

“Se é fato que, naquele dia, não morreu alguém, ditadura mata, ditadura vive da morte de seres humanos de carne e osso, que são torturados, mutilados, assassinados toda vez que contrariar o interesse daquele que detém o poder para o seu próprio interesse” – Carmén Lúcia. Entendi, então é por isso que a ditadora moderna também adora uma censura. 

“Ou nós estamos julgando pessoas que não exercem funções públicas, ou estamos julgando pessoas que exercem essas funções” – Luiz Fux, ministro do STF, questionando o fórum do julgamento de suposto golpe. Porém, seria inimaginável anular um julgamento tão importante por conta de uma tecnicalidade de foro. 

“STF não julga pessoas, julga fatos e provas” – Flávio Dino. Não quero ser purista, mas que tal se o STF julgasse apenas pessoas que têm foro privilegiado, como reza a Constituição? 

“O então presidente, após algumas palavras ‘carinhosas’ em relação à minha pessoa, disse que, a partir daquele momento, não cumpria mais ordem judicial” – Alexandre de Moraes, relembrando discurso de Bolsonaro em evento do 7 de setembro. Os ministros do STF não julgam pessoas. A menos que tenham sido profundamente magoados por elas. 

“A turma resolveu indeferir que o colaborador Mauro Cid se manifeste antes dos demais réus” – Cristiano Zanin, ministro do STF, antecipa julgamento e erra ao chamar denunciados de “réus”. O que lhe falta em notório saber jurídico, sobra em afobação. 

“Eu aproveito para desfazer uma narrativa totalmente inverídica, de que o STF estaria condenando ‘velhinhas com a Bíblia na mão’ […] só 43 condenados têm mais de 60 anos” – Alexandre de Moraes. Ele é gente boa, só queria garantir que condenaria idosos o suficiente para organizar um bingo, campeonato de bocha ou baile dos enxutos. 

“Nenhuma Bíblia é vista e nenhum batom é visto” – Alexandre de Moraes, sobre vídeos do 8 de janeiro. Nem armas de fogo, nem tanques de guerra… criatividade à parte, nem pareceu uma tentativa de golpe de Estado. 

“O Brasil foi citado expressamente como modelo de sucesso pelo presidente norte-americano Donald Trump. Enquanto aqui, no Brasil, houve toda essa preparação para se colocar em dúvida as urnas eletrônicas” – Alexandre de Moraes, desinformando sobre decreto de Trump que menciona a identificação de eleitores por biometria, não a apuração de votos usando urnas eletrônicas, no Brasil. 

“Milícias digitais continuam atuando neste julgamento” – Alexandre de Moraes. Dizem que são tão ousados que andam espalhando fake news diretamente da tribuna. É hora de dar um basta nisso. 

“Se o golpe tivesse se consumado, não estaríamos aqui” – Carmén Lúcia. Se o golpe desse certo, quem estaria no Supremo seria o advogado pessoal ou o aliado político do golpista de ocasião, imagino eu. 

“Quer botar trinta em mim” – Jair Bolsonaro, sobre as intenções do STF quanto à sua pena. Ao saber disso, Jean Wyllys teria imediatamente convocado uma manifestação para levantar suspeitas sobre o processo eleitoral. 

“Não acredito que seja uma ‘ditadura’. Acho que deverá ser dada a oportunidade de fazer uma ampla defesa” – Ronaldo Caiado, governador de GO (União) e presidenciável autoproclamado, sobre julgamentos do 8 de janeiro. Mas certamente a defesa não será tão ampla quanto o leque de fidelidades do Caiado. 

“Quando um tribunal pensa mais em vingança do que em justiça, o Estado de Direito, fundamento da civilização ocidental, se foi” – General Hamilton Mourão, senador (Republicanos-RS). Se ao menos ele conhecesse alguém que pudesse fazer algo a respeito… 

Armazém de secos e molhados 

“Nenhum advogado nega a articulação e tentativa de golpe, todos se limitam a dizer que seus clientes não tinham nada a ver com aquilo” – Eliane Cantanhêde, jornalista, em mais uma de suas “apurações” via zapzap. 

“O eixo central das sustentações orais, de um modo geral, das defesas, não foi tanto descaracterizar as materialidades e, sim, afastar autorias” – Flavio Dino, traduzindo o texto da assessoria de imprensa para o juridiquês. 

Brasil x Argentina 

“No meu caso, o juiz apita contra antes mesmo do jogo começar… e ainda é o VAR, o bandeirinha, o técnico e o artilheiro do time adversário; tudo numa pessoa só” – Jair Bolsonaro, em comentário antes do jogo Brasil x Argentina. É, mas isso não justifica fazer gol contra ou perder por WO. 

“Porrada neles. No campo e fora do campo, se tiver que ser” – Raphinha, atacante da Seleção Brasileira, antes do jogo contra a Argentina pelas Eliminatórias. Eu pensei que ele falava dos argentinos, não da própria torcida. 

“Outra felicidade enorme que eu tive ontem foi que o Brasil perdeu de 4 a 1. Os macacos!” – Enrique Vargas Peña, comentarista racista paraguaio. Essa felicidade vai durar até ele descobrir que o maior feito histórico do seu país foi perder a guerra para um exército de “macacos”.

 

Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.