Reflexão sobre a minissérie “Adolescência” e o livro A Banalidade do mal de Hanna Arendt

A minissérie Adolescência da Netflix e o conceito de Banalidade do Mal, desenvolvido por Hannah Arendt, podem ser relacionados a partir da ideia de como indivíduos podem se tornar agentes de ações moralmente questionáveis sem uma reflexão crítica sobre suas consequências.

Na minissérie, vemos adolescentes inseridos em um ambiente escolar tóxico, onde atos de violência, bullying e humilhação são naturalizados. Muitos personagens agem de forma cruel não por uma maldade intrínseca, mas porque estão inseridos em um contexto que incentiva ou normaliza tais comportamentos. Isso se assemelha à reflexão de Arendt sobre a banalidade do mal, que surgiu a partir do julgamento de Adolf Eichmann, um burocrata nazista que participou da logística do Holocausto sem refletir criticamente sobre seus atos. Para Arendt, Eichmann não era um monstro perverso, mas alguém que seguiu ordens e normas sem questioná-las, sem empatia ou reflexão moral profunda.

Na minissérie, adolescentes muitas vezes reproduzem comportamentos violentos por influência do grupo ou pela falta de uma estrutura que os ensine a questionar suas ações. A ausência de reflexão crítica sobre as consequências de seus atos os torna semelhantes ao que Arendt descreveu: pessoas comuns, que podem cometer ou compactuar com o mal simplesmente por conformismo, pressão social ou ausência de julgamento ético.

Essa relação nos leva a refletir sobre a responsabilidade individual e coletiva em ambientes onde a violência se torna corriqueira. Assim como Arendt apontou a importância do pensamento crítico para evitar a repetição da banalidade do mal, a série nos faz questionar até que ponto a sociedade e as instituições educacionais falham em impedir que adolescentes perpetuem padrões destrutivos sem sequer perceberem a gravidade de seus atos.

Autora:

Sonele Fábia Silva dos Santos

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