O estado de calhordas contra o Povo

Por Observatório Por Um Brasil Soberano

Independente da teorização, especulação e cultura em torno do socialismo, seus efeitos reais são a transferência do poder político e econômico para um único grupo de pessoas. Lênin muito teorizou sobre os caminhos para esse estado de coisas em que o poder de uma pequena elite é quase absoluto.

O líder soviético desenvolveu uma teoria revolucionária adaptada ao contexto russo, inspirada em Marx, mas com ênfase própria. Ele enxergava o Estado como ferramenta de opressão da burguesia, que deveria ser destruído para criar uma sociedade comunista sem classes, defendendo uma revolução violenta, pois acreditava que reformas graduais eram insuficientes diante da resistência burguesa. Destacava o partido de vanguarda como essencial para liderar e educar o proletariado, propondo, após a revolução, a ditadura do proletariado – um governo temporário dos trabalhadores para suprimir a burguesia e pavimentar o caminho ao socialismo e, futuramente, ao comunismo.

Bem, após a bem-sucedida revolução russa — que contou com o financiamento de banqueiros alemães, auxílio direto do então presidente americano Woodrow Wilson —, não foi possível transformar o Estado russo em um aparato revolucionário de fomento direto à luta de classes pelo mundo. A realidade impôs aos revolucionários que administrassem a produção de alimentos, a indústria, a exportação e a diplomacia.

E assim nasce a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), um Estado socialista que nasceu pelo poder das armas.

Mas guerrilheiros, armas e exércitos clandestinos não são a única maneira de alcançar o socialismo, um Estado que centraliza o poder político e econômico. O Socialismo Fabiano tem sido vitorioso na imposição de sua agenda, que visa a criação de uma burocracia mundial com capacidade de exercer o poder sobre o mundo inteiro.

A Sociedade Fabiana, fundada em 1884 na Grã-Bretanha, surgiu como uma organização socialista determinada a promover mudanças graduais e pacíficas, inspirando-se na estratégia cautelosa do general romano Quinto Fábio Máximo, que deu origem ao seu nome. Rejeitando revoluções violentas, os fabianos apostaram no uso do sistema político existente, influenciando políticas públicas e legislações por meio de reformas incrementais, como o controle municipal de serviços, enquanto conduziam pesquisas sociais e investiam na “educação” para disseminar suas ideias de forma pragmática.

Entre seus membros destacaram-se figuras como Sidney e Beatrice Webb, economistas que moldaram o estado de bem-estar social; o dramaturgo George Bernard Shaw, que amplificou suas propostas; o escritor H.G. Wells, envolvido em seus debates — é digno de nota que Wells produziu uma série de livros sobre história mundial e projeções sobre como seria o futuro da humanidade —; Ramsay MacDonald, futuro primeiro-ministro que levou princípios fabianos ao Partido Trabalhista britânico; e até Emmeline Pankhurst, uma das fundadoras do movimento britânico do sufragismo, brevemente ligada ao grupo antes de se dedicar aos direitos das mulheres.

Mas qual tipo de Estado o movimento fabiano acabou criando com seu fomento lento e paciente do socialismo?

Se a finalidade do movimento é a centralização do poder político e econômico nas mãos da mesma elite, o fomento lento e gradual do socialismo fabiano acabou por transformar o Estado em intermediador do mercado financeiro. Em síntese: enquanto o capital internacional tenta ser o soberano do mundo, os Estados burocráticos cumprem um papel de órgãos que garantem os interesses do soberano. Desse modo, o Estado deixa de ser nacional para se tornar um aparato burocrático enredado e subjugado por poderes externos.

Por isso estamos sofrendo com abusos absurdos por parte do Estado, como impostos abusivos, negligência na manutenção da ordem pública e falta de assistência em setores dos quais o Estado assumiu responsabilidade. É preciso manter os corpos sociais sem articulação, o cidadão empobrecido, isolado e sem perspectiva.

O Estado brasileiro tem se superado na tarefa de manter o cidadão pobre, sem perspectiva de prosperidade ou dignidade. Um exemplo disso é a passividade diante da epidemia das BETs que endivida e empobrece o cidadão mais vulnerável.

Ao contrário, o governo do Tocantins lançou a Lototins, a primeira loteria estadual do Estado. Concedida ao Consórcio Lototins por 20 anos, mediante pagamento de R$ 15,3 milhões, a loteria oferece modalidades como apostas esportivas de quota fixa, jogos instantâneos (“raspadinha”), prognósticos numéricos (semelhantes à Mega-Sena) e bilhetes passivos (como a Loteria Federal).

Tudo isso não é aleatório, é fruto de incompetência ou da hipocrisia. O Estado fabiano quer sua pobreza, abatimento e isolamento.

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