CTGAS-ER: 23 anos de tecnologia, educação profissional e soluções para a indústria

O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, completa 23 anos neste sábado (22), com “novos ares” e vigor para ir além.  Essas e outras análises são apresentadas pela diretora do Centro, Amora Vieira.

 

Na entrevista a seguir, ela explica como a instituição tem se adaptado e se fortalecido para atender as crescentes demandas da indústria, com foco na educação profissional e em soluções tecnológicas para setores estratégicos.

 

A executiva detalha como o Centro tem respondido às mudanças na indústria de energias renováveis, à evolução das necessidades da indústria de transformação e à integração de novas tecnologias, como a inteligência artificial.

 

Inaugurado em 22 de março de 2002, o CTGAS concentrou o foco inicialmente no gás, em um contexto em que a mão de obra no Brasil dependia de pessoas estrangeiras.

 

A criação da instituição começou a ser discutida em 1997 por Petrobras, CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Sistema FIERN, através do SENAI, como meio de prover o país de soluções educacionais para formação de sua própria base de profissionais, e de serviços técnicos e tecnológicos, na época, para essa indústria.

 

O lançamento das operações foi sucedido por uma série de iniciativas com essa perspectiva e pelo atendimento também a outras atividades. Uma delas, a energia eólica, desponta entre os marcos da trajetória a partir de 2009.

 

Foi nesse período, o mesmo em que foram realizados os primeiros leilões no Brasil de energia eólica, que a instituição ampliou a atuação para a indústria das energias renováveis e passou a se chamar CTGAS-ER.

 

Vieira destaca a importância de parcerias com instituições nacionais e estrangeiras ao longo desse percurso e como o CTGAS-ER está se preparando para os desafios do futuro, como a eólica offshore e o hidrogênio, com a formação de profissionais especializados para as indústrias que estão por vir.

 

Confira, a seguir, a entrevista com a diretora:

 

ENTREVISTA – AMORA VIEIRA | DIRETORA DO CTGAS-ER

 

 

Com que vigor o CTGAS-ER chega aos 23 anos de história?

Chega com o vigor de um jovem, na flor da idade de construir e perpetuar o que a gente construiu ao longo desses anos, com foco em soluções para a indústria do Rio Grande do Norte e do Brasil, olhando para a educação profissional e para serviços tecnológicos da indústria. Existem fatores que endossam ainda mais uma mudança de ares em relação ao CTGAS-ER, quando a gente fala da sua atuação, que é olhar para as novas tecnologias educacionais que atenderão o setor industrial. Por exemplo, quando a gente fala de inteligência artificial, da conexão de uma turma de curso técnico de eletrotécnica com a robótica, de um técnico de eletrotécnica com a IA. Então, quando a gente olha para a educação, é importante destacar essa nossa constância e propósito de olhar para as profissões que a indústria vai contratar ou tem na sua base industrial, e que precisa fazer uma readequação em termos de tecnologia.

 

Como tem se dado a resposta do Centro às mudanças nas necessidades da indústria, especialmente em relação à formação de profissionais para novas tecnologias?

Olhando para a educação profissional, o que é o vigor de uma instituição que se consolida com 23 anos de entrega para a indústria do Rio Grande do Norte e para o Brasil? A nossa inquietação é sempre encontrar soluções atuais para a demanda da indústria, é estarmos conectados com a provocação que o mercado de trabalho faz, com inquietude sobre aquilo que a indústria demanda e olhando para as soluções, sejam elas de infraestrutura ou de desenvolvimento de pessoas para entregar aquela solução. Eu posso mencionar que, nos últimos meses, a gente tem sido provocado pela indústria de energias renováveis a encontrar novas soluções para a formação de pessoas, em caráter customizado.

 

De onde parte essa provocação?

De empresas grandes do setor, já consolidadas, e que entenderam que o SENAI é uma instituição que entrega uma formação particular para atender a uma necessidade específica daquela indústria. E quando eu olho para a indústria da transformação, por exemplo, em termos gerais, a gente está olhando para aquilo que, de fato, está acontecendo naquela indústria em termos de evolução tecnológica. Quando a gente fala, por exemplo, de inteligência artificial. Como é que isso se conecta com as profissões que estão postas agora e com aquelas que vão acontecer no futuro próximo, como, por exemplo, o hidrogênio. A gente tem falado de eletromobilidade e nós desenvolvemos em parceria com uma instituição uma solução de realidade aumentada para o nosso curso de eletromobilidade envolvendo aplicação de hidrogênio. Então, isso, quando a gente olha para a nossa história construída, lá atrás, para atendimento às distribuidoras de gás – que é mantido, é nosso portfólio – de encontrar soluções de metrologia para a indústria, de educação para a indústria, olhando com o foco nos CTGAS, a gente se reposiciona como instituição de 23 anos, sempre nessa inquietude de olhar e entregar para a indústria do Rio Grande do Norte, do Brasil, as soluções em tecnologias, em assessoria, consultoria e em educação.

 

Você está falando sobre mudanças no perfil da demanda da indústria e mudanças no posicionamento da instituição. Qual é o grande desafio dentro desse cenário?

Quando eu olho para as mudanças daquilo que a indústria fala em relação à formação de pessoas, é a gente perceber, meio que em tempo real ali, porque a demanda da indústria é atual. Grande parte dela é do tipo ‘eu preciso que o SENAI atue na formação de um profissional que faça um serviço de uma reparação ou de uma manutenção em uma pá. E aí eu preciso estar junto, conectado com essa empresa, para entender dela as reais necessidades que ela tem da formação daquele grupo de pessoas e qual é o tempo que ela precisa desses profissionais postos no mercado para poder fazer uma possível contratação. Quando a gente olha, por exemplo, para uma parceria firmada com a Vestas, que nós fizemos um trabalho de revisitar o que nós estávamos entregando em termos de formação profissional para turmas de eletromecânica, isso trouxe para a gente uma visão e um direcionamento olhando para aquela ocupação, já existente no SENAI há anos, mas com outro olhar, mais direcionado a uma determinada indústria que nos sinalizou uma necessidade sobre, por exemplo, ter exemplos voltados para a indústria de energia eólica, nas turmas do Técnico em Eletromecânica, em parceria com a Vestas.

 

Agora essa demanda por atualização, o “eu preciso de um profissional novo”, é só da indústria de energia eólica ou outras indústrias do estado também estão buscando esse novo profissional, da inteligência artificial, o que entenda de novas técnicas? Isso é generalizado ou está focado em segmentos específicos?

Eu não falaria que isso está generalizado, mas eu traria exemplos não só de renováveis, mas também de áreas como a refrigeração. Olhando para esse segmento eu destaco parcerias que nós firmamos nos últimos anos, com empresas e instituições que impulsionaram o SENAI do Rio Grande do Norte em incremento de portfólio e na própria infraestrutura, de modo que aquele profissional da refrigeração deixou de ser apenas um profissional que faz a instalação de um ar condicionado. A gente está refinando essa técnica da instalação, trazendo conceitos de sustentabilidade vinculado àquela profissão e trazendo oportunidades para que aquele profissional trabalhe com a tecnologia mais atual dentro da sala de aula do SENAI, reforçando o nosso propósito de sempre ter teoria e prática vinculada. Então você tem o movimento na área de refrigeração que está impulsionando aquele profissional que atuava nessa área, trazendo para ele um outro olhar, não digo mais profissional, mas um olhar que impulsiona uma visão da sua própria ocupação para a indústria. Então, a gente acaba valorizando aquele profissional, diferenciando ele para que ele pense que o que ele está fazendo hoje em uma residência ou dentro de uma indústria, ou em um pequeno negócio é além de uma instalação simples de um aparelho de ar condicionado, por exemplo. Essa jornada dos 23 anos do CTGAS-ER também se consolida por uma entrega técnica nossa, de qualidade, validada pelo mercado. Há um compromisso do SENAI, que obviamente esse compromisso, ele só acontece porque há uma equipe, um time preparado para fazer essa entrega. E aí isso nos traz a credibilidade e uma reputação e reconhecimento para que a gente agregue parcerias estratégicas, por exemplo, para a área de educação.

 

Qual o papel das parcerias nesse processo de consolidação do Centro?

Essa construção e essa consolidação nos últimos 23 anos também se faz com parceiros, parceiros estratégicos com foco em educação profissional, por exemplo. Olhando para a refrigeração, a agência alemã GIZ, a Midea Carrier, a TCL e a Clean&Code estão aqui dentro do SENAI do Rio Grande do Norte, em parceria conosco, desenvolvendo, aprimorando as habilidades técnicas da equipe de refrigeração e incrementando a nossa infraestrutura para a formação de pessoas. As parcerias são importantes para o SENAI. Também trago, nesse mesmo entendimento, a Vestas com a formação de pessoas em turmas de aprendizagem técnica no interior do estado. É importante mencionar que quando a gente olha para a atuação do CTGAS a gente está olhando para o Rio Grande do Norte, está olhando para o Brasil, principalmente na entrega de serviços da área de metrologia, de grandezas pressão, vazão, temperatura, qualidade do gás e a área de materiais. E nessa nossa atuação de anos voltados para a área de petróleo e energias renováveis, nós temos capilarizado isso na rede SENAI, trazendo situações de sucesso que ocorreram aqui no nosso estado, na formação de pessoas para a indústria. Olhando para o futuro, olhando para aquilo que nos dá o fôlego de continuar, a gente tem agora uma estratégia para 2025, para se reposicionar em termos de entrega para a indústria da transformação. Para trazer para eles uma entrega de caráter singular, aderente de fato à necessidade dessa indústria na formação de pessoas e soluções de consultoria e assessoria.

 

Quais são os principais cursos técnicos do SENAI que atendem às demandas industriais do estado, e como a instituição contribui para a inserção das pessoas que escolhem essas áreas no mercado de trabalho?

Os nossos dados internos mostram destaque para os cursos técnicos de eletrotécnica, eletromecânica, automação e refrigeração, e que essas profissões e ocupações se conectam com a diversidade de indústrias do estado, sejam elas de alimentos, na área têxtil, de moda, de renováveis ou de petróleo. Obviamente a gente tem um compromisso com quem busca o SENAI, sejam pessoas físicas ou jurídicas, e olhando para aquela pessoa que escolheu o SENAI para colocar no currículo como instituição que a formou, nós podemos afirmar que temos um compromisso de, além da formação técnica, fazer um encaminhamento responsável para o mercado de trabalho, conectando essas pessoas que têm interesse em vagas de empregos formais no setor.

 

E como o CTGAS-ER está se preparando para as futuras demandas da indústria, como eólica offshore e hidrogênio, considerando que o Centro está inserido em um contexto onde o SENAI também atua na pesquisa aplicada e no ensino superior? De que forma a colaboração com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), por exemplo, impacta a formação de profissionais no estado?

O CTGAS-ER faz parte de um hub de inovação e tecnologia consolidado no Rio Grande do Norte, onde se conecta também com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis. E o que isso significa para a gente em termos de valor estratégico? Nós estamos conectados com pesquisadores que estão olhando para a vanguarda da pesquisa e para como isso, por exemplo, poderia implicar na existência de uma nova ocupação para atender a uma nova demanda da indústria, que está por acontecer, como a eólica offshore. Essa sinergia existente entre o CTGAS e o Instituto SENAI de Inovação impulsiona significativamente a nossa atuação, conectando perspectiva de futuro, de pesquisa aplicada, que é a atuação do Instituto, com a necessidade de formação de pessoas para atender aquele novo segmento industrial com foco em energias renováveis, por exemplo, e também desenvolvendo serviços agregados a essa nova rota tecnológica. Quando a gente fala sobre ter um laboratório e um centro de excelência atuando na formação de pessoas na área de hidrogênio, temos um exemplo significativo do que estamos conversando, que é pesquisa em hidrogênio, um centro de excelência para a formação de pessoas em hidrogênio e a submissão de projetos conjuntos envolvendo ISI e CTGAS, envolvendo formação de pessoas para a indústria de hidrogênio.

 

 

Texto e foto: Renata Moura

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