Exército do Sudão diz ter tomado palácio presidencial

O Exército do Sudão assumiu o controle total do palácio presidencial no centro de Cartum, capital do país, nesta 6ª feira (21.mar.2025), segundo um comunicado. A conquista representa um dos ganhos mais simbólicos no conflito de 2 anos com a RSF (Forças de Apoio Rápido), que ameaça dividir o país.

As Forças Armadas sudanesas também afirmaram que assumiram o controle de ministérios e outros prédios importantes no centro de Cartum. Fontes militares disseram que os combatentes da RSF recuaram para aproximadamente 400 metros de distância.

O Exército sudanês compartilhou vídeos de soldados no palácio aplaudindo a conquista. Nos registros, o prédio aparece com suas janelas de vidro quebradas e paredes marcadas com buracos de tiros. Muitos sudaneses receberam bem a notícia de que os militares tinham tomado o controle do palácio.

“A libertação do palácio é a melhor notícia que ouvi desde o início da guerra, porque significa o início do controle do Exército sobre o restante de Cartum. […] Queremos estar seguros novamente e viver sem medo ou fome”, disse Mohamed Ibrahim, de 55 anos, morador de Cartum.

A RSF não comentou imediatamente sobre a retomada do palácio e os avanços das forças sudanesas na capital. Na 5ª feira (20.mar), o grupo disse que havia tomado uma base importante do Exército em Darfur do Norte, uma região no oeste do país.

O grupo tomou rapidamente o palácio em Cartum, juntamente com o resto da cidade depois do início da guerra, em abril de 2023. O conflito foi desencadeado por um impasse sobre a incorporação dos paramilitares ao Exército do Sudão.

As Forças Armadas sudanesas esteve por muito tempo em desvantagem, mas, recentemente, vem obtendo ganhos e retomou o território no centro do país do grupo paramilitar.

Enquanto isso, a RSF consolidou o controle no oeste, endurecendo as linhas de batalha e levando o país a uma divisão de fato. O grupo trabalha para estabelecer um governo paralelo nas áreas que controla, embora não se espere que receba amplo reconhecimento internacional.

O conflito levou ao que a ONU (Organização das Nações Unidas) chama de maior crise humanitária do mundo, espalhando fome em vários locais e doenças em todo o país de 50 milhões de pessoas.

Ambos os lados foram acusados de crimes de guerra, enquanto a RSF também foi acusada de genocídio. Os lados negam as acusações.


Por Khalid Abdelaziz e Jana Choukeir e Nafisa Eltahir. 

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