Ex-candidata a vereadora pelo PSOL é solta e vira ré por tráfico de ‘brisadeiros’


Brunella Hilton foi presa por tráfico de drogas durante o carnaval, no Centro de SP. Segundo defesa, ela tem autorização médica para importar canabinoides para tratamento de ansiedade. SAP informou que ela ficou em uma cela destinada exclusivamente a pessoas transgênero. Brunella Hilton fez parte da candidatura coletiva Bancada dos LGBTQIA+, do PSOL, que conquistou 1.113 votos na última eleição municipal, em 2024
Reprodução/Redes sociais
A Justiça de São Paulo aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Brunella Hilton, travesti e ex-candidata a vereadora pelo PSOL presa por vender brigadeiros com maconha, conhecidos como “brisadeiros”, no início do mês, durante o carnaval de rua da capital.
Brunella se tornou ré por tráficos de drogas. Segundo o Ministério Público, a influenciadora foi abordada pela polícia com cerca de 100 porcões do produto.
Além de receber a denúncia, o juiz da 3ª Vara Criminal da capital expediu alvará de soltura em favor da acusada, que vai responder ao processo em liberdade.
O g1 entrou em contato com o advogado da acusada, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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Na quarta-feira (19), a defesa de Brunella questionou o motivo pelo qual a cliente foi presa na ala masculina do CDP (Centro de Detenção Provisória) ll Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Ela ficou detida em uma cela para pessoas transgênero e, segundo a defesa, teve o nome social desrespeitado (leia mais abaixo).
Para o advogado Roberto Guastelli, a situação não poderia ser caracterizada como tráfico, já que a cliente não tinha quantia em dinheiro que pudesse indicar venda.
Além disso, o laudo do Instituto de Criminalística apresentado no relatório final do inquérito policial é provisório e não especifica a quantidade de substância encontrada em cada doce, de acordo o pedido de liberdade.
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Outro ponto levantado pela defesa no documento é que Brunella possui autorização médica para importar canabinoides para tratamento de ansiedade. Ela é ré primária, tem bons antecedentes, reside fixamente e trabalha como produtora de eventos e cabeleireira, disse o advogado.
Durante o processo, seus direitos como travesti também foram violados, segundo a defesa, pois a polícia e o sistema judiciários usaram seu nome morto, ou seja, o nome de registro de nascimento antes da transição de gênero.
“Dessa forma, deverá ser retificada a distribuição do presente processo para Bruna Rocha Ferreira, bem como expedido ofício ao sistema prisional para que sejam resguardados os direitos da pessoa – mulher trans colocada em cela juntamente com outras mulheres”, solicitou o advogado no documento.
Desde abril do ano passado, uma resolução publicada no Diário Oficial da União estabelece novas diretrizes de acolhimento de pessoas LGBTQIA+ privadas de liberdade, como a escolha da ala masculina ou feminina para cumprir a pena e o uso do nome social por autodeclaração.
Procurada, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que ela está em uma cela destinada exclusivamente a pessoas transgênero e que seu “registro foi efetuado com base em seu nome social e identidade de gênero”.
Prisão
Brunella foi detida na Avenida São João, na região da República, no Centro de São Paulo, durante o Carnaval.
Segundo o boletim de ocorrência, obtido pelo g1, antes de ser presa, Brunella estava tentando ajudar um homem com um carrinho de mercadorias a acessar um bloco, já que ele estava sendo impedido por policiais militares.
Ao intervir para tentar liberar a entrada do ambulante, Brunella acabou sendo revistada e os policiais encontraram os brigadeiros em sua bolsa. Ela foi levada ao 2º Distrito Policial do Bom Retiro e indiciada por tráfico de drogas.
Brunella fez parte da candidatura coletiva Bancada dos LGBTQIA+, do PSOL, que teve 1.113 votos na eleição municipal de 2024.
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