Caso Clara Maria: saudação nazista, vingança e necrofilia podem ter motivado assassinato de jovem em MG

A morte de Clara Maria, encontrada enterrada no quintal da casa de um ex-colega, em Belo Horizonte (MG), segue sob investigação. Dois homens, de 27 e 29 anos, confessaram o crime, que pode ter sido motivado por rejeição a um flerte, vingança por uma demissão e, possivelmente, necrofilia. Ambos estão presos e responderão por homicídio qualificado por motivo torpe.

O corpo da jovem foi localizado na quinta-feira (12), na casa do homem de 27 anos, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha. A Polícia Civil chegou ao local após amigos de Clara procurarem a delegacia para registrar o desaparecimento. A última vez que tiveram contato com ela foi no domingo (9), quando informou ao namorado que iria até a casa do homem de 27 anos para receber um dinheiro que ele lhe devia.

Conflitos e emboscada

O homem de 27 anos e Clara trabalharam juntos em uma padaria na Pampulha por três meses, período em que ele pegou dinheiro emprestado com a jovem. Segundo funcionários do estabelecimento, homem foi demitido por justa causa após ser flagrado por Clara usando entorpecentes no local.

A investigação apurou que homem teria flertado com Clara e sido rejeitado. Em depoimento, ele afirmou que não teve mais contato com a vítima após ser demitido, mas que o outro detido, o procurou para planejar o assassinato. O outro detido e Clara se conheceram por intermédio de ex-colega de trabalho e, de acordo com testemunhas, tiveram um desentendimento quando ex-colega de trabalho fez uma saudação nazista e foi repreendido por ela.

O ex-colega de trabalho relatou à polícia que o outro detido insistiu na ideia de matar Clara, afirmando que não suportava mais vê-la e precisava se vingar. Além disso, os dois tinham a intenção de acessar a conta bancária da jovem e transferir dinheiro para si. A emboscada foi planejada para o domingo (9), pois no dia seguinte Clara estaria de folga e eles teriam tempo para ocultar o corpo.

Ao chegar à casa do ex-colega de trabalho, Clara foi atacada pelo outro detido, que a sufocou, enquanto ex-colega de trabalho a segurava. Em seguida, tentaram acessar suas contas bancárias utilizando reconhecimento facial e digital, mas sem sucesso.

Enterro e investigação

Após o crime, os dois permaneceram na casa consumindo bebida alcoólica enquanto decidiam o que fazer com o corpo. No depoimento, ex-colega de trabalho afirmou que o outro detido proferiu ofensas contra Clara já sem vida e, utilizando uma faca encontrada entre os pertences da jovem, fez um corte em sua perna. O corpo foi enterrado apenas no dia seguinte, em uma cova rasa no quintal da residência. O odor acabou denunciando o crime.

O ex-colega de trabalho negou a premeditação e disse que foi outro detido quem arquitetou o assassinato. No entanto, admitiu que ajudou a esconder o corpo. Ambos negam que tenham abusado sexualmente da vítima, mas a polícia não descarta essa hipótese.

Foto: Jussara Ramos/TV Globo

Foto: Jussara Ramos/TV Globo

Suspeita de necrofilia

A frieza dos homens durante os depoimentos chamou a atenção dos investigadores. Segundo o delegado Alexandre Oliveira, há indícios de que a motivação do crime pode estar relacionada à necrofilia.

“Um dos suspeitos já havia mencionado anteriormente o desejo de cometer necrofilia. No depoimento, ambos fizeram questão de ressaltar que não houve qualquer ato sexual, mesmo sem que a pergunta tivesse sido feita, o que levanta suspeitas”, explicou o delegado.

A Polícia Civil solicitou que a prisão dos acusados seja convertida em preventiva, argumentando que demonstraram “periculosidade concreta” e que o crime foi cometido com “requintes de crueldade”. As investigações seguem em andamento para esclarecer todos os detalhes do caso.

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