Lula não vai retaliar e busca negociação tarifária com EUA, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 4ª feira (12.mar.2025) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai retaliar os Estados Unidos por tarifas comerciais e buscará solução via mesa de negociação. Ele recebeu medidas propostas pelo Instituto Aço Brasil para proteção da indústria nacional.

As exportações do setor para os Estados Unidos foram taxadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump (Republicano). A Fazenda fará uma nota técnica a ser enviada ao Mdic (Ministério do Desenvolvimento da Indústria, do Comércio e dos Serviços) para avaliação do ministro Geraldo Alckmin (PSB). “Nós vamos estudar, como sempre fazemos”, disse Haddad. Ele não deu prazo para o envio do documento ao Mdic.

O setor do aço pede providências tanto em relação às importações, quanto às exportações. Obviamente que a estratégia não pode ser a mesma em um caso e em outro, porque, no caso das exportações, envolve uma negociação, no caso das importações, envolve uma defesa mais unilateral”, disse Haddad.

Haddad teve reunião nesta 4ª feira (12.mar.2025) com representantes do setor. Participaram:

  • Sergio Leite de Andrade, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil;
  • Marco Pollo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil;
  • André Gerdau Johannpeter, CEO da Gerdau;
  • Erick Torres, CEO da ArcelorMittal;
  • Jorge Oliveira, vice-presidente da ArcelorMittal;
  • Cristina Yuan, diretora de Assuntos Institucionais do Instituto Aço Brasil;
  • Marcelo Ávila, superintendente de Economia do Instituto Aço Brasil.

O Instituto Aço Brasil propõe medidas para diminuir alíquota de importação do aço, o que amplia o mercado chinês no Brasil.

“Nós não vamos proceder assim [por retaliação] por orientação do presidente da República. O presidente Lula falou: ‘muita calma nessa hora’. Nós já negociamos outras vezes em condições até em condições mais desfavoráveis do que essa. Nós vamos levar a consideração do governo americano de que há um equívoco de diagnóstico”, disse o ministro.

TARIFAS COMERCIAIS

As tarifas de 25% dos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio do Brasil entraram em vigor a partir de meia-noite de 4ª feira (12.mar.2025). Haddad declarou que a medida tem repercussão no setor e a taxação encarece para o consumidor norte-americano os produtos importados.

“[A medida] tem uma repercussão ruim na inflação americana, embora seja contratada uma redução dos juros este ano nos Estados Unidos, o que favorece para esse lado”, disse Haddad.

O ministro afirmou que há uma preocupação do setor se o governo brasileiro vai tratar um assunto na “base da reciprocidade”. Haddad declarou que o Brasil vai entrar, em 1º lugar, na mesa de negociação. Segundo ele, essa política já foi “bem-sucedida” em outros momentos.

“Nós estamos começando já a estudar propostas do setor, que tem toda a legitimidade do setor. Eles estão imaginando formas de negociar com argumentos muito consistentes de que os Estados Unidos só têm a perder, porque o nosso comércio é muito equilibrado”, declarou.

Haddad defendeu que o Brasil não faz revenda de aço no país e que a importação não tem relação com a exportação do país. “Não faz nem parte da cadeia de produção, porque nós exportamos produtos semiacabados e importamos produtos acabados. Não faz o menor sentido ser acusado de exportar o que nós estamos importando. Não teria nem lógica esse argumento”, disse.

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