Ministério da Cultura se transformou em ponto de tráfico de recursos

O Ministério da Cultura, seja lá qual for a ideologia de quem estiver no governo, só pode servir a algum interesse da população brasileira de uma forma, apenas uma: sendo extinto. No caso específico de governos do PT, então, a necessidade dessa medida de profilaxia se torna uma emergência pública. O Ministério da Cultura, assim que o TSE declarou que Lula era o novo presidente da República, foi ligado imediatamente no modo “Meter a Mão” e desde então virou um “ponto” para o tráfico de recursos entre o Tesouro Nacional e os interesses privados do PT. De lá para cá, só piorou.

A ministra Margareth Menezes tem sido um distúrbio ambulante e perene para aquele mínimo de ordem que a administração precisa ter. Sua única obra concreta, nos dois anos e pouco que teve no cargo, foi o desabamento do precioso teto da “Igreja do Ouro” em Salvador, numa das mais arrogantes demonstrações de desprezo pela conservação do patrimônio cultural já dadas pelo atual governo.

Num país que tivesse uma PGR, e não um destacamento da KGB a serviço aberto do governo, talvez eles tomassem um pouco mais de cuidado com essas coisas. Mas aqui a PGR é “nossa” – e o STF, então, nem se fala

Se o Ministério da Cultura não serve nem para cumprir essa função elementar, sem a qual sua existência se torna incompreensível, vai servir para o quê? Em compensação, no resto desses dois anos, a ministra Margareth e os gatos gordos que se amontoam em torno dela estiveram basicamente envolvidos em frequentar as vizinhanças do noticiário policial.

Acabam de ser pegos numa história feia, mais uma vez. Um dos assaltos à mão desarmada mais óbvios do Lula-3 foi a criação de uma deformidade a que chamaram de “Programa Nacional de Comitês de Cultura” – pelo qual cerca de R$ 60 milhões arrancados do pagador de impostos são doados para a “mobilização” e “apoio” a artistas. É o que existe de mais próximo a um roubo de celular, ou um sequestro de pix, na presente caixa de ferramentas do governo Lula. Pois então: uma briga interna sobre quem leva quanto fez estourar evidências de uso do dinheiro do Ministério da Cultura para ajudar, direto na veia, candidatos do PT nas eleições municipais de 2024.

O caso é particularmente patético. A secretária nacional de mulheres do PT (eles têm esse cargo), Anne Moura, que tem base política no Amazonas, afirmou que os “comitês de cultura” do ministério foram usados para dar apoio a candidatos do PT nas eleições do ano passado. Sua denúncia, que veio à luz numa longa conversa gravada ao telefone, não foi porque ela acha que esse desvio é errado. É porque não levou, ela própria, a parte que queria para si – tanto que não conseguiu, nem mesmo, se eleger vereadora em Manaus. “Quem foi para a frente da prisão”, reclamou Anne na gravação, precisa ter “atendimento diferenciado na hora da parte boa”. 

Eis aí. O que eles querem, mesmo, é “a parte boa”. Qual a surpresa? Num país que tivesse uma PGR, e não um destacamento da KGB a serviço aberto do governo, talvez eles tomassem um pouco mais de cuidado com essas coisas. Mas aqui a PGR é “nossa” – e o STF, então, nem se fala. Está todo mundo seguro. Não vai acontecer nada para ninguém.

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