Artigo – “Indignação que somente aumenta”, por Roberto Serquiz

Roberto Serquiz, industrial, Presidente do Sistema FIERN

 

Contou-me um amigo próximo: em um ambiente universitário em data recente, para uma plateia composta, em sua maioria, por alunos do curso de Administração, um palestrante fez algumas indagações. A primeira: quem dos (as) alunos (as) presentes desejaria ser empreendedor? A grande maioria respondeu “não”. O palestrante insistiu com uma segunda pergunta: quem desejaria atuar na gerência de empresas privadas? A resposta negativa continuou a ser predominante. Finalmente, foi feita a pergunta mais esperada: quem, dos presentes, tentaria ser servidor público? A grande maioria respondeu: – Sim!

 

Os serviços públicos são indispensáveis e, consequentemente, os servidores públicos são necessários e neles encontramos incontáveis testemunhos de abnegação e, não raro, até de heroísmo, mas muitas ponderações sobre o assunto são oportunas e, respeitosamente, devem ser apresentadas. É, por exemplo, um equívoco imaginar que sem o empreendedorismo mais forte o Estado – como um todo – terá meios financeiros para suportar todos os seus encargos. Assim como fácil é imaginar o colapso do aparelho estatal diante de reiteradas medidas que levam a grande parcela dos recursos públicos para o pagamento de folhas salariais, seus complexos planos de cargos e (quase) intermináveis precatórios judiciais.

 

Além da estabilidade funcional, algo que para alguns – lamentavelmente – se tornou uma tábua de amparo para a improdutividade, a jornada laboral do servidor público, em regra, é sempre inferior ao empregado contratado pelas empresas sob o regime celetista, o que se torna, de fato, um desestímulo para quem trabalha na iniciativa privada.

 

Ademais, os “famosos penduricalhos” e as conhecidas “regalias” para alguns segmentos do serviço público nos fazem refletir quanto ao uso do dinheiro público para corporações, que se tornaram verdadeiras castas, em detrimento do bem comum, do atendimento à maioria das pessoas, sobretudo, dos mais pobres. O dinheiro público é um só! O que o diferencia é simplesmente a destinação. E não há nenhuma outra fórmula – até agora – senão os tributos e taxas, para a composição do orçamento público que suporta todas as despesas do Estado.

 

Para agravar a relação de fatos que merecem a indignação de todos nós, conforme noticiado pela imprensa, no dia 28 de fevereiro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Senador pelo Amapá), assinou o Ato nº 9/2025 instituindo, em resumo, em favor dos cargos comissionados daquela Casa Parlamentar gozar um dia de folga a cada três trabalhados, com a absurda opção de “vender” o benefício.

 

Tanto se fala em desigualdade social quando alguns que podem atuar, concretamente, no enfrentamento à tais diferenças se tornam protagonistas ou omissos diante do escoamento do dinheiro público para privilégios de poucos, consequentemente, em desprestígio à distribuição de renda e aos investimentos sociais necessários ao país.

 

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