Lista do ICMBio revela presença de 290 espécies exóticas invasoras em unidades de conservação brasileiras


Levantamento aponta que 72,3% das UCs analisadas possuem espécies invasoras, impactando ecossistemas terrestres e aquáticos. Abelha europeia (Apis mellifera) foi a espécie exótica invasora animal mais registrada em UCs
Abhishek N. Prasad / iNaturalist
Uma nova lista divulgada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) destacou a presença de 290 espécies exóticas invasoras (EEIs) em unidades de conservação federais no Brasil. O levantamento mostra que 72,3% das UCs analisadas possuem algum tipo de espécie invasora, sendo 128 pertencentes à fauna e 162 à flora.
Dentre as espécies vegetais mais encontradas estão a mangueira (Mangifera indica), o capim-gordura (Melinis minutiflora) e capim-colonião (Megathyrsus maximus), plantas que ameaçam a vegetação nativa pela competição de recursos e favorecem a ocorrência de incêndios.
Mangueira (Mangifera indica) foi a EEI vegetal mais encontrada em UCs
R. Whitfield / iNaturalist
Já entre os animais, os destaques são a abelha (Apis melífera), o pardal (Passer domesticus) e o camundongo (Mus musculus), que podem competir com espécies nativas e causar desequilíbrios ecológicos. Acesse a lista completa.
No que diz respeito à distribuição dos registros, a assessoria do ICMBio informou que a APA Ilhas e Várzeas do Rio Paraná se destacou no número de registros de fauna, com 32 registros, enquanto o PARNA de Brasília lidera no caso da flora, com 31 registros.
“Observamos ainda que, para a flora, quase toda a ocorrência de EEI (98,15%) está associada a ambientes terrestres. Já na fauna, os registros se concentram em ambientes de água doce (48,44%), seguidos por ambientes terrestres (28,13%) e marinhos (23,44%), fato fortemente relacionado ao elevado número de EEI de peixes na APA Ilhas e Várzeas do Rio Paraná”, relata.
A análise dos registros também revelou que, considerando o total de UCs dentro de cada categoria, as que apresentaram maior número de registros de EEI são as categorias Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Áreas de Proteção Ambiental.
Camundongo é uma das EEI mais presentes em unidades de conservação do Brasil
jmoya / iNaturalist
“Esses números podem refletir o fato de que essas categorias historicamente receberam maior atenção em estudos e monitoramentos, ampliando o conhecimento sobre a biodiversidade local e, consequentemente, aumentando a detecção e o registro das EEI”, analisa o instituto.
Segundo documento publicado junto à lista, as espécies exóticas invasoras são amplamente reconhecidas como uma das principais ameaças à diversidade biológica, especialmente em áreas protegidas e ilhas oceânicas.
“A invasão de EEIs pode desencadear impactos ecológicos severos, desestabilizando ecossistemas nativos e levando à perda de biodiversidade, afetando a fauna, a flora e a estabilidade ecológica dessas áreas, além de interferir na manutenção da qualidade de vida de populações tradicionais residentes”, informa a publicação.
Pardal aparece como um dos principais animais invasores das UCs
puagirl / iNaturalist
Medidas de controle
O ICMBio informou em nota enviada nesta segunda-feira (24) que tem adotado medidas integradas para o controle e, sempre que possível, erradicação das espécies exóticas invasoras. “Destacamos que a lista publicada subsidiará tomadas de decisão estratégicas, como a priorização de áreas e recursos para ações de manejo”.
Capim-colonião (Megathyrsus maximus)
russellcumming / iNaturalist
O órgão também menciona que, por meio da Coordenação de Manejo de Espécies Exóticas Invasoras (CMEEI), é responsável por autorizar ações de controle dessas espécies em Unidades de Conservação federais e em suas áreas próximas. Antes de qualquer intervenção, é necessário apresentar um projeto explicando como será feito o manejo, e esse projeto passa por uma avaliação antes de ser aprovado.
“O Instituto também apoia a elaboração e implementação de planos específicos para o enfrentamento das invasões biológicas em UC federais, além da produção de documentos técnicos orientadores para os gestores”, acrescenta o comunicado.
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