Bolo envenenado: como fica a investigação com morte da principal suspeita?

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deve manter as investigações e concluir o inquérito do caso do bolo envenenado. Nesta quinta-feira (13), a principal suspeita, Deise Moura dos Anjos, foi encontrada morta dentro da cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.

O crime aconteceu na véspera do natal de 2024 e resultou na morte de três pessoas da mesma família em Torres, no litoral gaúcho.

“Os inquéritos vão ser terminados, todos eles. Porque vamos esclarecer todos os elementos e detalhes que envolvem este fato”, afirmou o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Fernando Sodré.

Segundo a polícia, Deise Moura é investigada por quatro homicídios e duas tentativas de homicídio. O chefe da polícia explicou que existem dois inquéritos em andamento: um investiga as mortes de Neuza dos Anjos, Maida da Silva e Tatiana Denize, que comeram um bolo preparado com arsênio na véspera de natal. Também é investigada a tentativa de homicídio de Zeli dos Anjos, sogra de Deise, e Matheus, uma criança de 10 anos.

Um segundo inquérito investiga a morte do sogro da suspeita, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro de 2024. Em janeiro de 2025, o corpo do homem foi exumado e foi confirmado que ele consumiu arsênio.

O que acontece agora?

À CNN, o delegado Fernando Sodré explicou que ambos os inquéritos dos quais Deise Moura é apontada como suspeita estão em fase final. Segundo o Sodré, os inquéritos passam de mil páginas e serão entregues no dia 20 de fevereiro “com todos os elementos necessários, esclarecimentos, circunstâncias que envolvam essa morte”.

“Apesar do apontamento para ela, da imputação das práticas das condutas criminosas, o indiciamento não ocorre por conta da extinção da punibilidade por morte do agente”, afirmou o delegado.

Em entrevista à CNN, o advogado Vinicius Lapetina, mestre em Processo Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro efetivo da Comissão de Política Criminal de Penitenciária da OAB-SP, o inquérito deve seguir para o Ministério Público.

“Caso o Ministério Público entenda que a falecida foi a única autora do crime, conforme o Código Penal Brasileiro, deverá ser reconhecida a extinção da punibilidade em razão de sua morte, com o consequente arquivamento do caso”, explicou Lapetina.

Também foi instaurado um inquérito para apurar as causas da morte de Deise, encontrada sem sinais vitais dentro da cela nesta quinta-feira (13).

O caso

A aparente tranquilidade de uma confraternização familiar foi interrompida por um crime que chocou o país. O que era para ser um encontro festivo na véspera de Natal de 2024, transformou-se em uma tragédia com a ingestão de um bolo envenenado, resultando na morte de três pessoas e deixando outras duas hospitalizadas.

Em 23 de dezembro de 2024, Zeli dos Anjos prepara um bolo para uma confraternização familiar. As investigações indicam que a farinha utilizada no preparo, que estava contaminada com arsênio, poderia ter sido ingerida em outro evento, com as amigas de Zeli, dias antes do café da tarde em família. O evento só não aconteceu porque algumas pessoas desmarcaram, e as ausências cancelaram o encontro.

Seis pessoas da família consumiram o bolo envenenado, sendo elas: Zeli, suas irmãs Neuza e Maida, sua sobrinha Tatiana, seu sobrinho-neto Matheus. Apenas Jefferson, marido de Neuza, não foi hospitalizado.

Na madrugada de 24 de dezembro, Neuza e Maida faleceram após ingerirem um bolo com arsênio, enquanto Tatiana, Matheus e Zeli foram hospitalizados em estado grave.

Em 25 de dezembro, Tatiana não resistiu e morreu. Matheus e Zeli permaneceram hospitalizados. No mesmo dia, a perícia esteve no imóvel, onde o bolo foi consumido, em uma casa em Arroio do Sal (RS), onde o alimento foi feito.

Em 3 de janeiro, Matheus, sobrinho-neto de Zeli, recebe alta do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres (RS). Dois dias depois, Deise Moura dos Anjos foi detida preventivamente por triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.

No dia 8 de janeiro, a CNN apurou que a polícia exumou o corpo de Paulo Luiz dos Anjos para investigar a causa de sua morte. A perícia confirmou que ele também consumiu arsênio, reforçando a suspeita de que Deise o envenenou.

Nos dias seguintes, as investigações passaram a apurar a hipótese de que Deise dos Anjos tenha tentado envenenar outras pessoas do seu convívio.

Inquéritos tem mais de mil páginas e detalham crime

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul vai entregar ambos os inquéritos que apuram as mortes de quatro integrantes de uma família por envenenamento com arsênio no dia 23 de dezembro. A informação foi confirmada à CNN pelo chefe da polícia, Fernando Sodré.

Os crimes teriam ocorrido em setembro e dezembro de 2024. Na quinta-feira (13), a principal suspeita dos crimes, Deise Moura dos Anjos, foi encontrada morta dentro da cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.

Divididas em duas investigações, um dos inquéritos apura as mortes de Neuza dos Anjos, Maida da Silva e Tatiana Denize, que comeram um bolo envenenado na véspera de natal de 2024, na cidade de Torres, no litoral gaúcho.

Na ocasião, a polícia também considerou o crime de homicídio tentado contra Zeli dos Anjos, sogra de Deise, e Matheus, uma criança de 10 anos, que sobreviveram.

Foi a partir desse caso que a polícia gaúcha passou a investigar Deise Moura dos Anjos. Com o andamento dos trabalhos, foi solicitada a exumação do sogro da suspeita, Paulo Luiz dos Anjos, em janeiro de 2025.

Marido pediu divórcio um dia antes da morte da suspeita

Deise Moura dos Anjos, acusada de envenenar familiares com arsênio, foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba nesta quinta-feira (13). A morte da principal suspeita dos crimes do bolo envenenado, no Rio Grande do Sul, aconteceu um dia após o marido pedir o divórcio.

A saga trágica envolvendo Deise Moura dos Anjos teve um novo capítulo nesta quinta-feira.

A reportagem da CNN apurou com uma fonte que o marido da suspeita, Diego dos Anjos, comunicou a suspeita nessa quarta-feira (12) de que queria o divórcio. Menos de 24 horas depois, Deise foi encontrada sem vida.

Depoimento revelou desgaste na relação

Durante as investigações do caso envolvendo o bolo envenenado com arsênio, na véspera do natal de 2024, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul interrogou o marido da suspeita. Durante o depoimento, Diego teria admitido que a relação entre eles não era fácil. Depoimento revela como era relação entre marido e suspeita.

As investigações revelaram que Deise era a principal suspeita pela morte de Paulo, pai de Diego, que morreu com arsênio no leite em pó. A polícia acredita que Deise foi a responsável por colocar arsênio no alimento que ele consumiu. Diego disse aos investigadores que desde a morte do pai, em setembro do ano passado, o casamento nunca mais foi o mesmo.

Em depoimento à Polícia Civil, Diego dos Anjos afirmou que cogitava a separação, mas que não havia não comunicado a Deise a sua intenção de se separar, em parte devido ao filho do casal, que “segurou o casamento”.

Diego descreveu Deise como uma pessoa “briguenta”, que se irritava constantemente com situações pequenas e que “ia do 8 ao 80 muito rápido”. O marido relatou sobre um desentendimento com Deise ocorrido em novembro de 2024. Ainda segundo o relato, Diego saiu de casa e foi para a residência da mãe, em outra cidade, retornando apenas no outro dia. “Neste desentendimento, de fato, segurou Deise pelos braços, pois estava jogando as roupas no depoente”, consta no depoimento.

O homem que passou mais de 20 anos ao lado da suspeita de mortes em série, com uso de arsênio, acusou Deise de má gestão financeira, alegando que ela controlava as finanças e realizava operações financeira, manipulando valores.

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