EUA compram 17% do etanol exportado pelo Brasil

A exportação de etanol para os Estados Unidos representa 17% do total exportado pelo Brasil, mas está em declínio desde 2020. O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), assinou um decreto nesta 5ª feira (13.fev.2025) estabelecendo tarifas recíprocas para países que impõem taxas de importação a produtos norte-americanos.

O “Plano Justo e Recíproco” menciona o etanol brasileiro e estabelece uma política geral de reciprocidade, sem tarifas específicas para países determinados —que, segundo o republicano, impõem dificuldades ao comércio com os EUA. 

“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, diz. Eis a íntegra do decreto (PDF – 160 kB, em inglês).

Em 2024, a exportação de etanol para os Estados Unidos representou 17,3% do total exportado pelo Brasil. O pico foi em 2017, quando os EUA representaram 71,6% da exportação de etanol do Brasil. A partir de 2020, essa porcentagem entrou em queda, com a maior baixa observada em 2020 (36%). 

A exportação de etanol do Brasil para os Estados Unidos apresentou uma queda de 28% em 2024, totalizando US$ 181,8 milhões. Isso representa uma redução em relação aos US$ 252,6 milhões registrados em 2023. Ao longo dos anos, a trajetória da exportação de etanol para os EUA mostrou flutuações, com um pico em 2012, quando o Brasil exportou US$ 1,5 bilhão. 

Os valores também atingiram altas em 2006 (US$ 882,4 milhões) e 2008 (US$ 756,9 milhões), antes de entrarem em declínio. 

Em 2024, a Coreia do Sul foi o principal destino para o etanol exportado pelo Brasil, com US$ 416,8 milhões, o que representa 39,6% do total exportado. O país substituiu os Estados Unidos como líderes em importações.

Os norte-americanos ficaram em 2º lugar, com US$ 181,8 milhões (17,3% do total), seguido pela Holanda, com US$ 91,9 milhões (8,7%). Outros países que se destacaram nas compras de etanol brasileiro incluem Nigéria, Filipinas, e Singapura, com valores de US$ 54,7 milhões (5,2%), US$ 54,0 milhões (5,1%) e US$ 38,1 milhões (3,6%), respectivamente. 

ENTENDA

As tarifas não entrarão em vigor imediatamente. Devem demorar alguns meses para serem aplicadas. Os primeiros estudos sobre elas devem ser apresentados a Trump em 1º de abril. Howard Lutnick, indicado pelo republicano para secretário de Comércio, disse que as tarifas podem entrar em vigor a partir de 2 de abril.

O decreto trata-se de um memorando. Nele, o republicano exige que sua equipe revise e estabeleça novos níveis de tarifas para equilibrar as relações comerciais com outros países.

Na análise, Trump ordena que sejam consideradas todas as formas de barreiras comerciais. Isso inclui taxas que outros países cobram dos Estados Unidos, impostos sobre produtos estrangeiros, subsídios que governos estrangeiros dão às suas indústrias, taxas de câmbio manipuladas para beneficiar certas nações, além de outras práticas avaliadas como injustas pelo governo norte-americano.

A imposição das novas tarifas segue as taxas aplicadas por Trump à China, ao Canadá e ao México.

O presidente norte-americano aplicou uma tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas em resposta ao fentanil que o país asiático forneceu e permitiu que fosse distribuído nos Estados Unidos, segundo o republicano.

Para México e Canadá, a taxa foi de 25%. A medida, no entanto, está suspensa por 1 mês depois que os governos mexicano e canadense chegaram a um acordo com Trump.

As tarifas desta 5ª feira (13.fev) também se somam as taxas de 25% aplicadas sobre todas as importações de aço e alumínio na 2ª feira (10.fev).

No documento, Trump menciona a alta de compra do aço e alumínio chinês pelo Brasil. Afirma que o governo brasileiro aumentou a importação de produtos chineses, o que teria sido prejudicial à produção de aço dos EUA. Eis a íntegra do decreto em inglês (PDF – 192 kB) e em português (PDF – 194 kB).

Nesta 5ª feira (13.fev), a SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda disse que as tarifas de 25% de importação sobre aço e alumínio nos Estados Unidos devem “exercer impacto limitado nas exportações brasileiras”.

A aplicação de tarifas foi uma das promessas de campanha de Trump em 2024. Segundo ele, visa a lidar com deficits comerciais do país. O presidente dos EUA anunciou ainda que iria impor taxas sobre a UE (União Europeia), mas sem detalhar quando isso deve acontecer.

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