Trump diz que hoje é ‘grande dia’ e promete tarifas recíprocas


Presidente dos EUA prometeu, na quarta-feira, que vai anunciar tarifas para os países que cobram taxas de importação de produtos norte-americanos, mas não deu detalhes. Tarifas anunciadas por Trump ameaçam afetar muito mais do que os setores de aço e alumínio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (13) que hoje é “o grande” dia e citou as tarifas recíprocas, prometidas por ele no dia anterior, mas sem dar mais detalhes.
“Três grandes semanas (de governo), talvez as melhores de sempre, mas hoje é o grande (dia): tarifas recíprocas!!! Faça a América grande novamente!!!”, publicou Trump em sua rede social, a Truth Social.
Trump quer impor tarifas recíprocas para os países que cobram taxas de importação de produtos americanos. Segundo o presidente, as taxas deverão ter efeito “praticamente imediato”.
Desde a campanha, Trump tem indicado que quer favorecer e dar prioridade à atividade doméstica dos EUA, limitando a concorrência estrangeira.
Na segunda-feira (10), o presidente americano assinou um decreto que impõe tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país a partir de 12 de março.
“Este é o primeiro de muitos. E você sabe o que quero dizer com isso? Outros assuntos, tópicos, proteger nossas indústrias de aço e alumínio é essencial”, disse Trump.
Também na segunda, ele prometeu o anúncio de tarifas recíprocas ao longo da semana e adicionou que estuda taxas separadas para carros, semicondutores e produtos farmacêuticos.
Antes, ele fixou tarifas de 25% para todos os produtos do México e Canadá no início do mês. Essas taxas foram suspensas por 30 dias, após acordos firmados entre as partes.
Trump também elevou as tarifas cobradas da China em mais 10%. Neste caso, os chineses retaliaram a medida, impondo novas taxas de 10% a 15% para produtos americanos.
O presidente ainda ameaçou atingir a União Europeia, que já reclamou das tarifas ao aço e alumínio. Em resposta, a UE prepara medidas contra produtos americanos, como o Bourbon, jeans e motocicletas.
“Tarifas injustificadas sobre a UE não ficarão sem resposta, elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais”, disse a chefe da UE, Ursula von der Leyen.
Julia Duailibi comenta quais são as possibilidades de reação do governo brasileiro diante da taxação de Trump
RELEMBRE: Trump tentou aplicar tarifas ao aço e alumínio brasileiros no primeiro mandato
Economistas estão preocupados que o “tarifaço” de Trump possa causar uma guerra comercial de grande escala, desajustando a economia global. O principal impacto seria na inflação americana, já que as tarifas aumentam o preço dos insumos básicos e espalham reajustes ao longo da cadeia produtiva. (saiba mais abaixo)
Com a inflação mais malta, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, pode ter mais dificuldade de levar a inflação para a meta de 2%. O índice de preços ao consumidor, inclusive, voltou para a casa dos 3% em janeiro, com alta mensal de 0,5%.
Esse resultado diminui as chances de um novo corte nos juros dos EUA neste ano, que estão na faixa de 4,25% a 4,50%. O cenário afeta o Brasil (e o mundo) porque uma taxa mais alta faz os títulos públicos americanos renderem mais. Isso atrai investidores, que levam recursos para os EUA, valorizando o dólar frente a outras moedas.
Em seu primeiro mandato, o republicano costumava ameaçar parceiros comerciais para colocá-los em desvantagem em acordos bilaterais. É uma estratégia antiga de ameaça tarifária.
Por isso, apesar do potencial inflacionário, parte do mercado entende que as medidas de Trump podem ser revertidas antes que algo pior aconteça.
“A retórica superagressiva de Trump parece ser, de fato, o que todos suspeitavam desde o início: uma grande alavanca para negociar acordos comerciais e atender outros objetivos políticos”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank, à agência Reuters em entrevista recente.
Governo e indústria querem entender medidas de Trump antes de reagir
Tarifaço de Trump
A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada com as promessas do presidente Donald Trump de taxar seus maiores parceiros comerciais. Os principais alvos são países que os EUA têm déficit na balança comercial, ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.
Segundo Trump, a aplicação de tarifas visa lidar com déficits comerciais e problemas nas fronteiras, como a travessia de migrantes sem documentos e o tráfico de fentanil. Ele também afirmou que irá impor taxas sobre a União Europeia, mas não detalhou a alíquota ou quando isso acontecerá.
Enquanto Trump não havia adotado medidas concretas de taxação, os reflexos eram positivos nos mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Medidas como o aumento de tarifas de importação e a política anti-imigração de Trump podem gerar mais inflação nos EUA. Além disso, a renúncia de impostos para favorecer as empresas norte-americanas é vista como um risco para as contas públicas do país.
Esses fatores indicam que o Fed terá mais dificuldade de controlar os preços, mantendo os juros elevados no país. As taxas mais altas mudam todo o fluxo de investimentos no mundo, já que os agentes econômicos priorizam os títulos públicos americanos (Treasuries) e o dólar.
No Brasil, a fuga de capital e a consequente valorização da moeda americana podem levar o Banco Central (BC) a elevar a taxa Selic, impactando negativamente a atividade econômica brasileira. Além disso, o Brasil também pode ser afetado por uma desaceleração da economia chinesa caso Trump confirme taxações elevadas contra os asiáticos.
Outro reflexo para o Brasil é o aumento de oferta de produtos chineses. Com os EUA importando menos do país, itens manufaturados asiáticos (com preços muito mais baixos) tendem a buscar outros mercados.
Governo segue estudando respostas possíveis à taxação do aço e do alumínio pelos EUA
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