Como Vilson Kleinubing se tornou Prefeito de Blumenau (II)

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Ex-Prefeito Renato Vianna (Foto JSC).
Deputado Vilson Souza (Foto JSC)

A classe empresarial de Blumenau, da qual fui fazer parte, de certa forma, em 1985, era quase unânime em relação a um sentimento: a cidade carecia de uma administração moderna, ousada, inovadora. Pesavam dois fatores: 1) a Prefeitura era comandada pelo MDB/PMDB já por quase 20 anos; e 2) seu desempenho naquela ocasião não conseguia enfrentar adequadamente os desafios criados pelas diluvianas enchentes de 1983 e 1984.

Dando consequência a algumas conversas informais sobre o tema, foi criado um grupo que deveria listar possíveis novos candidatos e avaliar suas chances de enfrentar adversários poderosos, como o Deputado Federal Constituinte Vilson Souza e o ex-Prefeito Renato Vianna. Já era voz corrente a possibilidade de que ambos concorressem em 1988.

“Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria?”

A tarefa se revelou, inicialmente, bastante complicada. Qualquer dos nomes que incluíamos nas nossas pesquisas internas, fosse ele de empresário ou político, tinha intenção de voto bem inferior às figuras mais conhecidas do eleitorado, como o próprio Vianna. Em conversas que tive com jornalistas, analistas políticos e pessoas em geral, transparecia o escasso entusiasmo em relação a praticamente todos os nossos fulanos e beltranos cogitados.

Foi à esta altura dos acontecimentos que, verificando uma pesquisa espontânea, sem nomes, percebi um aspecto intrigante. Ante a simples e direta pergunta “se as eleições para prefeito fossem hoje, em quem você votaria?” muitos eleitores indicavam o nome de Vilson Kleinubing – que não era incluído nas pesquisas induzidas, aquelas que relacionam os nomes dos eventuais candidatos, pela singela razão de que ele não era eleitor na cidade e, portanto, não se cogitava de sua candidatura.

Embora apenas mediana, em números, a indicação feita pelos blumenauenses era muito sintomática por ter aparecido de baixo para cima. Por sugestão dos próprios eleitores.

Habemus candidatum

Fomos então fazer o teste conclusivo: introduzimos o nome de Kleinubing como um dos concorrentes na pesquisa seguinte, já no bloco da consulta induzida que apresentava diversos nomes com a pergunta “se estes fossem os candidatos, em quem você votaria para Prefeito de Blumenau”?

Quando saiu o resultado, foi uma surpresa: numa lista de sete ou oito competidores o “forasteiro” Kleinubing aparecia em terceiro lugar, atrás apenas de Vianna e Victor Sasse – um que já fora prefeito e outro que havia disputado quatro eleições anteriores. A diferença era pequena em relação aos dois primeiros, e grande (superiormente) em relação aos demais. Pronto. “Temos candidato” disse eu.

Só faltava combinar com ele. E, como constatamos depois, precisávamos acertar também com mais dois personagens muito importantes: Jorge Bornhausen e Esperidião Amin. Antes de partir para a primeira e mais urgente dessas conversas, fizemos ainda mais duas ou três pesquisas, de institutos diferentes, para confirmar o fenômeno que acontecia na nossa Blumenau e levar aos interlocutores a prova insofismável do fato.    

A concordância de Kleinubing

A conversa que tive com Vilson foi curta e direta. Ele olhou as pesquisas e falou uma palavra: “topo”. A seguir me revelou que compreendia os riscos embutidos num projeto tão ousado. Tinha consciência de que os adversários iriam explorar o fato dele ser um candidato “importado”. Mas, compreendia também que a política exige, às vezes, decisões arrojadas. A hipótese de governar uma cidade com as características de Blumenau o encantava. E a projeção estadual que sua eleição teria e que sua administração poderia ter, o incentivavam. Mas, disse-me, que para seguir adiante, era preciso ter a concordância de Jorge e Amin.

     Próximo capítulo:

     As conversas com aqueles dois e o prosseguimento da costura do projeto, vou relatar na coluna seguinte. Até lá.

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