Equador terá 2º turno entre presidente Daniel Noboa e Luiza Gonzalez

A disputa presidencial no Equador será decidida no 2º turno, disputado pelo atual presidente Daniel Noboa (Ação Democrática Nacional, centro-direita) e por Luisa Gonzalez (Revolução Cidadã, esquerda).

Com 91% das urnas apuradas no Equador, dados do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) indicam que Noboa tem 44,34% dos votos válidos, enquanto Gonzalez angariou 43,87% no pleito de domingo (9.fev.2025). Outros 14 candidatos concorreram, mas não obtiveram votos suficientes. Segundo o órgão eleitoral, houve 6,77% de votos nulos e 2,11% de brancos. O 2º turno será disputado no dia 13 de abril.

Ainda conforme o CNE, o Equador possui 12,46 milhões de eleitores. Destes, 2,2 milhões se ausentaram.

A eleição se deu no momento em que o país vive um clima de temor por violência e fronteiras fechadas.

Essa é a 2ª vez que os equatorianos vão às urnas em 16 meses. Em outubro de 2023, o ex-presidente Guillermo Lasso antecipou as eleições presidenciais. Ele usou a cláusula constitucional conhecida como “morte cruzada” para dissolver a Assembleia Nacional depois de passar por um processo de impeachment. Lasso não disputou as eleições.

Noboa venceu o pleito para o “mandato tampão”, tornando-se o presidente mais jovem da história do Equador, então com 35 anos. As eleições de domingo (9.fev) marcam a volta ao ciclo eleitoral regular.

No período em que Noboa esteve no cargo, segundo a plataforma InSight Crime, especializada em crime organizado na América Latina, as autoridades prenderam mais de 60.000 suspeitos por crimes em 2024 e apreenderam 280 toneladas de drogas ilícitas, um aumento de 29% em relação a 2023.

Em julho de 2024, Noboa visitou Durán, cidade costeira considerada a mais violenta do país. Usando colete à prova de balas e capacete militar, criticou seus adversários por não visitarem a região.

Ainda segundo a InSight Crime, a violência diminuiu temporariamente em Durán depois do envio de militares e policiais. Mas voltou a crescer, registrando 476 homicídios em 2024.

Na questão prisional, o exército assumiu o controle das principais unidades e realizou operações para combater as gangues. Noboa também anunciou a construção de novos presídios, mas não enfrentou problemas estruturais como corrupção endêmica, políticas punitivas inadequadas e atividades criminosas dentro das prisões.

CRISE NO EQUADOR

O Equador passa por uma grave crise social, econômica e de segurança desde a saída da presidência de Rafael Correa (2007-2017) por casos de corrupção. A crise é baseada, principalmente, em 3 problemas: tráfico de drogas, violência política e sistema prisional.

A pandemia de covid-19 deteriorou a economia e abriu espaço para narcotraficantes transformarem o país em rota crucial para a Europa e Estados Unidos. O Equador virou palco de disputas entre facções locais e cartéis mexicanos, com destaque para Los Lobos, que reúne cerca de 8.000 integrantes.

Os homicídios aumentaram 430% de 2019 a 2024, totalizando 3.036 casos. Mesmo com uma queda em relação a 2023, o número ainda é superior ao de 2022. Além disso, o país registrou mais de 2.000 sequestros e 10.700 extorsões. Um a cada 3 equatorianos afirma ter sido vítima de algum crime, segundo o Human Rights Watch.

Nas eleições tampão de 2023, quando Noboa assumiu o poder, ao menos 5 políticos foram assassinados, incluindo Fernando Villavicencio. Em 9 de agosto de 2023, o candidato à presidência foi baleado 3 vezes no momento em que saía de um comício.

O grupo Los Lobos chegou a ser considerado o autor do crime, mas investigações da polícia equatoriana mostraram que o vídeo no qual o grupo supostamente reivindicava a responsabilidade era falso.

Ainda segundo o Human Rights Watch, a falta de controle estatal, a superlotação e más condições prisionais “permitem que o crime organizado controle as prisões”.

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