Crítico de Trump, âncora da CNN americana anuncia demissão no ar: ‘Nunca é um bom momento para se curvar a um tirano’


Jim Acosta trabalhou por 18 anos na CNN e cobriu vários presidentes como correspondente na Casa Branca. Segundo a AP, emissora propôs tirar o jornalista de Washington. Jim Acosta anuncia demissão da CNN no ar, em 28 de janeiro de 2025
Reprodução
Jim Acosta, âncora da CNN americana, anunciou no ar sua demissão nesta terça-feira (28). Conhecido por ser crítico do presidente Donald Trump, o jornalista trabalhou por 18 anos na rede e cobriu vários presidentes como correspondente na Casa Branca.
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Segundo a Associated Press, Acosta pediu demissão após recusar uma proposta da CNN para transferi-lo para um jornal que começaria no início da madrugada em cidades importantes, como Washington, D.C., e Nova York.
O jornalista também teria de se mudar de Washington para Los Angeles, onde o programa seria exibido às 21h, conforme o horário local. Antes disso, Acosta apresentava um jornal matutino na emissora.
Logo após Trump tomar posse, a CNN anunciou uma reformulação na programação, trocando alguns âncoras de horário. A emissora afirmou que as mudanças não têm relação com o momento político dos Estados Unidos.
Durante a despedida, Acosta relembrou momentos marcantes da carreira, incluindo a cobertura da viagem do então presidente Barack Obama a Cuba, em 2016. Na ocasião, ele perguntou ao líder cubano Raúl Castro sobre prisioneiros políticos.
“Como filho de um refugiado cubano, levei para casa a lição de que nunca é um bom momento para se curvar a um tirano”, afirmou.
“Sempre acreditei que é função da imprensa responsabilizar o poder. Sempre tentei fazer isso na CNN e planejo continuar fazendo isso no futuro”, continuou.
Ao finalizar o discurso, Acosta pediu ao público que não ceda às mentiras nem ao medo. “Segure-se à verdade e à esperança”, concluiu.
Logo após o anúncio, Trump chamou Acosta de “perdedor” que “vai fracassar” em qualquer lugar.
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Trump x Acosta
Em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump, Acosta e o presidente discutiram em uma coletiva de imprensa. Na época, o jornalista questionava o republicano sobre uma caravana de migrantes que tentava chegar à fronteira dos Estados Unidos.
Acosta queria entender por que Trump estava se referindo ao caso como “invasão” e perguntou sobre a relação das declarações do presidente com as eleições de meio de mandato para a renovação do Congresso.
“Você deveria me deixar governar o país”, disse Trump. “Você manda na CNN e, se fizesse isso bem, suas avaliações seriam muito melhores.”
Depois, Acosta questionou sobre a investigação uma suposta influência da Rússia nas eleições de 2016 — quando Trump foi eleito. Durante o episódio, uma funcionária da Casa Branca tentou retirar o microfone do jornalista, mas ele continuou falando.
“A CNN deveria ter vergonha de ter você trabalhando para eles”, disse Trump a Acosta. “Você é uma pessoa rude e terrível. Não deveria estar trabalhando para a CNN.”
Após o incidente, a Casa Branca suspendeu temporariamente a credencial de Acosta para coletivas de imprensa.
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