MST pressiona governo Lula a assentar 100 mil famílias

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou uma carta, nesta sexta-feira, na qual pressionou o governo Lula (PT) a assentar 100 mil famílias que, nos cálculos do movimento, seguem acampadas pelo país. Além de criticar a atuação do governo petista e contestar os cálculos de assentamentos divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MST também criticou o Congresso Nacional pelo que classificou como “atuação perversa” em defesa do agronegócio.

O documento, assinado pela coordenação nacional do MST, marcou a conclusão de quatro dias de reunião da cúpula do grupo, em Belém (PA), nesta semana. Na carta, o MST alegou que há uma “paralisação da reforma agrária” no atual governo, contestando o nível de entrega da administração petista em uma das principais bandeiras históricas do partido.

Em dezembro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, chefiado pelo petista Paulo Teixeira, afirmou que o governo Lula assentou 71,4 mil famílias ao longo de 2024. No ano passado, o governo havia se comprometido com a meta de incorporar 295 mil novas famílias ao Programa Nacional de Reforma Agrária até o fim de 2026.

Os dados, porém, são contestados pelo MST. Segundo o portal “Repórter Brasil”, uma das coordenadoras do movimento, Ceres Hadich, alega que não houve quaisquer assentamentos criados em 2024. De acordo com a publicação, das famílias que o governo contabiliza como “assentadas”, pouco mais da metade — 38,9 mil — passaram por um processo de regularização, o que não é contabilizado como assentamento por parte do MST.

“No campo, aponta-se para uma paralisação da Reforma Agrária (…). Soma-se a isto, a atuação perversa da maioria do Congresso Nacional, que legisla em prol dos interesses do grande capital, defende o projeto do agro e faz do Poder Executivo seu refém, retirando e impedindo o avanço de políticas públicas sociais e conquistas efetivas para o povo brasileiro”, afirma um trecho da carta divulgada pelo MST.

O documento do MST também listou entre seus compromissos, além de “pressionar o governo para assentar as 100 mil famílias Sem Terra acampadas”, a luta para “demarcar os territórios indígenas e reconhecer os territórios quilombolas”.

O MST sinalizou ainda estar “de mãos dadas” com países como Cuba, Palestina e Venezuela. Neste mês, uma comitiva com cinco integrantes do movimento acompanhou a cerimônia de posse de Nicolás Maduro, acusado de manter um regime ditatorial na Venezela.

Entre as reivindicações do MST está ainda “lutar por justiça” após os assassinatos de dois militantes do movimento, Valdir do Nascimento e Gleison Carvalho, em um ataque a tiros no interior de São Paulo em janeiro. O ataque trouxe à tona uma escalada de conflitos no campo desde 2021.

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