Transição energética deve ser atrativa para investidor, diz CEO da Vale

O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse nesta 6ª feira (24.jan.2025) que a transição energética “só acontecerá se for atrativa para os investidores”. Caso contrário, “será sempre necessário recorrer a subsídios”, algo que “não é sustentável”. 

Ele participou do painel “Hardware para o bem: escalando tecnologia limpa” no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). “No meu setor, particularmente, há certamente a necessidade de apoio incremental para acelerarmos a transição para uma indústria do aço mais verde, o que significa apoio ao hidrogênio”, declarou. 

O hidrogênio será uma fonte de energia super importante para os setores difíceis de descarbonizar. Então, precisamos encontrar uma maneira de tornar essa solução mais barata mais rápido. Caso contrário, os investidores levarão muito mais tempo para implementar essas soluções”, afirmou. 

Pimenta disse que a Vale está “muito empolgada com a oportunidade” de explorar o hidrogênio. “É aí que mercados como África e Brasil têm uma oportunidade única”, afirmou. Segundo ele, a capacidade do Brasil de produzir hidrogênio verde a um nível competitivo “é totalmente realista”. 

O presidente da Vale declarou: “Vai levar tempo. Precisamos melhorar e implementar novas tecnologias para ajudar a reduzir os custos, mas eu vejo esse futuro para a indústria”. 

Pimenta disse que “não existe transição energética sem mineração”. Ele citou que a Vale é “um dos maiores produtores de minério de ferro” e um “jogador muito importante” no mercado de cobre e níquel. 

Tudo o que olhamos tem minerais críticos associados. E, hoje em dia, está muito mais difícil em termos de quanto conseguimos trazer para o mercado, dado que está mais difícil encontrar novos depósitos e desenvolver novos projetos”, disse. 

Segundo ele, apesar de desafiante, esse cenário é “uma enorme oportunidade para o setor trabalhar”, em especial para as empresas que investem em tecnologia. 

A Vale está muito focada em trazer esses minerais críticos para o mercado de uma forma sustentável, buscando novas maneiras de operar, desenvolvendo novas rotas de processamento para ajudar nossos clientes a descarbonizar suas operações”, declarou. 

Para Pimenta, inovações impulsionam a excelência operacional e financeira. “Temos pensado profundamente sobre formas de tornar nossas operações mais eficientes”, disse, citando a mineração circular, que rompe com o modelo linear de extrair, produzir e descartar. 

Hoje, a Vale está produzindo cerca de 12 milhões de toneladas de minério de ferro apenas a partir de atividades circulares. Há muita inovação acontecendo nesse campo que estamos promovendo. Nossa expectativa é que 10% da nossa produção, em algum momento até 2030, venha da mineração circular”, afirmou.

Vejo muitas oportunidades para implantarmos mais tecnologia para reduzir o risco para as pessoas, para criar valor, por exemplo, entre nossos próprios funcionários”, declarou. 

Conforme Pimenta, a indústria da mineração “está um pouco atrasada no que diz respeito à implantação de tecnologia” e que a Vale está investindo no tema. 

A Vale separou US$ 100 milhões para investir em startups, porque não temos o tempo e, às vezes, não temos o conhecimento [para buscar soluções tecnológicas]. Então, damos o dinheiro para essas pessoas que vão nos ajudar a pensar nas grandes questões. E o bom é que eu tenho a plataforma. Se eles tiverem uma boa ideia, trazem para mim. Implantamos. Se der certo, ótimo. Se não der certo, vamos para a próxima”, disse.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.