Líder de facção em Porto Alegre é preso em SC como mandante de sete homicídios

O suspeito de liderar uma facção na zona Norte de Porto Alegre foi preso, nesta quinta-feira, em Santa Catarina. Conhecido como Mano Chinelo, 37 anos, ele é apontado como um dos principais chefes do tráfico no bairro Sarandi.

Desde o final de 2024, o paradeiro dele era desconhecido. A Polícia Civil o considera mandante de pelo menos sete homicídios nos últimos três meses do ano.

Mano Chinelo foi condenado a quase 50 anos de reclusão, e já chegou a ser enviado para um presídio federal. Isso não impediu a Justiça de conceder a ele um benefício humanitário, em setembro, por razões de saúde.

No dia 14 daquele mês, uma liminar determinou a saída de Mano Chinelo pela porta da frente da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), “em face do agendamento de cirurgia”.

A ideia era que o criminoso obedeceria o cumprimento da pena em regime domiciliar.

Ocorre que, em 5 de novembro de 2024, Mano Chinelo virou foragido. Ele não utilizava tornozeleira eletrônica.

Mano Chinelo foi detido em um apartamento na praia turística de Itapema. Ele guardava R$ 40 mil em notas e tinha um Toyota Corolla. A captura do fugitivo decorre do trabalho conjunto entre a 3º Delegacia de Homicídios (3º DHPP) e a DHPP de Gravataí.

A investigação dá conta que, enquanto esteve foragido, Mano Chinelo ordenou crimes no Morro do Coco, em Gravataí.

Ele também seria mandante de um triplo homicídio em Alvorada, no dia 31 de outubro. No caso, as vítimas seriam rivais dele, e moravam em Gravataí, mas participavam de uma festa na cidade vizinha.

Quem é Mano Chinelo

Mano Chinelo é ligado a uma facção oriunda do bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas comanda o núcleo do grupo no bairro Sarandi.

À exceção da Vila Respeito, ele controlaria pontos de tráfico nas vilas Elizabeth, Asa Branca, Brasília, entre outras localidades na zona Norte da Capital.

O criminoso soma 13 indiciamentos por homicídio, e também responder por roubo, tráfico, entre outros. Em 2017, ele também foi preso no estado catarinense, na capital Florianópolis.

Três anos depois, em 2020, foi transferido à Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Mano Chinelo acabou retornando a solo gaúcho, onde ficou recolhido na Pasc até receber benefício humanitário.

Protocolo contra homicídios

O delegado titular da 3ª DHPP, delegado Thiago Zaidan, explica que Mano Chinelo foi alvo do protocolo contra homicídios da Polícia Civil. A medida tem como base a teoria da dissuasão focada, que visa reduzir crimes contra a vida por meio da repressão seletiva de pessoas, no caso, as responsáveis por ordenar assassinatos.

A ideia é influenciar os mandantes para que não provoquem mortes, combinando a aplicação da lei com outras medidas, como a asfixia financeira de facções e a transferência de presos.

“A facção [de Mano Chinelo] está como nosso foco porque, desde o ano passado, insiste em matar. O critério que adotamos é unicamente atingir quem mata. Por isso, o grupo criminoso em questão é o atual alvo do DHPP”, pontuou o delegado Thiago Zaidan.

Mano Chinelo seria integrante do bando responsável por executar Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, na Penitenciária Estadual de Canoas 3 (Pecan). Na quarta-feira, outros 11 integrantes da quadrilha foram enviados para alas de isolamento no Complexo Prisional de Charqueadas, medida que também foi parte do protocolo contra homicídios. (Correio do Povo)

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