Venezuela aguarda divulgação de resultado da eleição em clima de tensão; oposição prega vigília por contagem própria


Oposição e governo indicaram otimismo após fim do prazo de votação. Edmundo González, da oposição, disse que ‘o país escolheu a mudança’. Maduro não se manifestou, mas seus apoiadores indicaram otimismo em relação ao resultado. Homem agita bandeira da Venezuela em Caracas
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
A Venezuela vive momentos de tensão na madrugada desta segunda-feira (29) à espera do comunicado do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) que indicará quem o órgão vai considerar vencedor das eleições presidenciais.
Nicolás Maduro enfrenta pela primeira vez em anos uma oposição com chances de vitória, na figura de Edmundo González.
Mesmo antes da divulgação de qualquer informação pelo CNE, González indicou acreditar que as urnas indicam vitória: “Os resultados são inocultáveis. O país escolheu uma mudança em paz”.
Mais cedo, González celebrou o alto comparecimento às urnas, segundo o monitoramento da coalizão opositora — O CNE não divulgou dados oficiais.
Ao lado de González, María Corina Machado, líder opositora impedida de concorrer contra Maduro, pediu uma “vigília” nos centros de votação para garantir uma contagem própria dos votos.
Ambos fizeram apelos para que seus apoiadores cobrem as atas de todas as urnas, para que a oposição consiga comparar os resultados de sua apuração com os que serão divulgados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão que comanda o processo eleitoral.
A opositora Delsa Solórzano, ex-deputada, denunciou ao lado da
Enquanto apoiadores de González de reúnem em volta de centros de contagem, partidários de Maduro foram em direção ao Palácio de Miraflores, sede da Presidência, em Caracas.
Maduro, por sua vez, não se manifestou. Quem apareceu em frente aos joralistas foi seu coordenador de campanha, Jorge Rodríguez, que expressou otimismo em relação ao resultado final.
Divulgação nesta segunda
Em discurso a apoiadores de Maduro, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, indicou que os resultados seriam divulgados nesta segunda-feira (29).
“Que devemos fazer? Esperarmos aqui, com muita calma, o dia 29 de julho, que é em poucas horas. Em qualquer momento o CNE dará o resultado como está acostumado a fazer.”
Confrontos foram registrados na cida de de Táchira, no oeste do país.
De acordo com a oposição, o comparecimento às urnas era de 54,8% até 2 horas antes do encerramento da votação. Caso esse número se confirme, ele estaria 12 pontos percentuais acima da eleição anterior, de 2018.
O voto não é obrigatório na Venezuela.
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Em 2018, o presidente Nicolás Maduro, que tenta o terceiro mandato, havia recebido 6.248.864 votos, sendo eleito com 67,85% dos votos válidos. A votação teve a participação de 46% do eleitorado. Os resultados foram contestados pela oposição e por entidades internacionais.
País em crise
Maduro entrou na disputa em um contexto de profunda crise econômica e humanitária na Venezuela. Em 10 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano teve uma queda de 80%, levando mais de 7 milhões de pessoas a deixarem o país.
Pela manhã, após votar, Maduro afirmou que reconheceria o árbitro eleitoral e garantiria que os resultados fossem respeitados. Em 17 de julho, ele declarou que o país poderia enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” se não fosse reeleito.
Por sua vez, ao deixar o local de votação, González disse acreditar que as Forças Armadas venezuelanas respeitarão o resultado. Ele foi escolhido para encabeçar a chapa depois que as opositoras María Corina Machado e Corina Yoris foram impedidas pelo regime de Maduro de concorrer.
O dia foi marcado por longas filas em algumas seções eleitorais, mas não foram registradas intercorrências graves ao longo de todo o período de urnas abertas.
Repercussão

Voluntários dos partidos de oposição e pró-governo enfrentam a segurança exigindo entrar no centro eleitoral Andrés Bello, em Caracas, Venezuela, 28 de julho de 2024
Reuters/Leonardo Fernandez Viloria
Eleição na Venezuela
Juan Silva/g1

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