Kid preto acusado de tramar golpe ia de táxi aos locais

A PF (Polícia Federal) identificou que um dos suspeitos de participar de uma suposta trama para matar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes utilizava táxis para se locomover em Brasília.

Segundo o inquérito, o militar –de codinome “Gana”– não conseguiu pegar um táxi para se encontrar com os demais suspeitos no dia em que planejavam interceptar Moraes. Eis a íntegra do documento da PF (PDF – 17 MB).

No documento que deflagrou a operação Contragolpe, a PF descreve como os suspeitos agiram em 15 de dezembro de 2022. Na data, os militares estavam espalhados em locais do Plano Piloto, região central de Brasília, mas depois resolvem se encontrar em um shopping. É nesse momento que Gana relata dificuldades em achar um táxi.

Às 21h26, Gana escreveu no grupo: “Sanhaço ‘pra’ achar táxi. Mas vou chegar. Kkkk”. A expressão “sanhaço” é uma gíria do Exército para uma situação complicada ou um prazo curto para a execução de uma tarefa.

O major do Exército Rafael Martins de Oliveira responde Gana com: “Quer que te pegue?”. Minutos depois, o suspeito envia um áudio explicando a sua situação:

“Cara, acabei de chegar [em] um ponto de táxi aqui. Tinha um maluco, só que ele falou que ‘tava’ indo buscar um passageiro e ia chamar um táxi aqui ‘pra’ mim, ‘tá’ ligado? [Vou] ‘dá’ uns 5 ‘minutinho’ aqui, ‘pra’ ver se, se chega. Eu acho que agora vai resolver, mas tá pica, mané. Essa hora não tem táxi em lugar nenhum, né?”, disse Gana.

Depois, Gana diz que não conseguiu achar um táxi e teve que andar todo o bairro da Asa Sul, em Brasília. Segundo a PF, o local inicial, onde o suspeito estava para cumprir a ação planejada, “reforça que os investigados estavam executando um plano para, possivelmente, prender” Moraes.

Conforme a investigação, na época do episódio Moraes tinha uma residência funcional em um endereço no final da Asa Sul “que tem pertinência geográfica com a localização de “Gana” no período da realização da ação clandestina”.

O grupo de militares se identificavam como “kids pretos”, uma referência a um grupo de elite do Exército Brasileiro.

BOLSONARO IRONIZA

Em live transmitida neste sábado (23.nov.2024) pela página do Instagram do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou o episódio do táxi descrito no relatório da PF. Segundo o ex-presidente, trata-se de uma “piada” da PF comandada por Moraes.

“Golpe agora não se dá mais com tanque agora, se dá com táxi. E parece que o sequestro não saiu porque não tinha táxi na hora. É uma piada essa PF criativa do Alexandre de Moraes”, disse Bolsonaro.

Na 5ª feira (21.nov), a PF indiciou Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, o tenente-coronel Mauro Cid e outras 34 pessoas por envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

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