Unicef: metade dos integrantes de gangues no Haiti são menores

Grupos armados que controlam 80% de Porto Príncipe, capital do Haiti, têm metade de seus integrantes formada por menores de idade. O dado consta em relatório divulgado pela Unicef neste domingo (24.nov.2024). Segundo a agência da ONU para a infância, o recrutamento de crianças e adolescentes cresceu 70% entre 2023 e 2024, impulsionado pela extrema pobreza e pelo colapso dos serviços básicos no país.

“As crianças do Haiti estão presas em um ciclo vicioso. São recrutadas pelos mesmos grupos armados que alimentam seu desespero, em um número que continua crescendo”, diz Catherine Russell, diretora-executiva da Unicef.

A violência em Porto Príncipe escalou desde fevereiro de 2024. As gangues são acusadas de assassinatos, sequestros e violência sexual contra a população civil. A força de segurança internacional, liderada pelo Quênia e apoiada pela ONU, não conseguiu conter os ataques.

Russell afirma que “crianças em diversas regiões do Haiti são submetidas a atrocidades, deixando cicatrizes psicológicas e emocionais que podem persistir por toda a vida”.

A instabilidade política agrava a crise. Jimmy Chérisier, conhecido como “Barbecue”, ex-policial e líder de grupo armado, formou uma coalizão contra o então primeiro-ministro Ariel Henry. Após semanas de confrontos, o conselho presidencial substituiu o premiê interino Garry Conille por Alix Didier Fils-Aimé.

O Haiti enfrenta sua pior crise humanitária em décadas. Dados da ONU indicam que 5,5 milhões de habitantes – cerca de metade da população – necessitam de assistência humanitária em 2024. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) estima que 4,35 milhões de haitianos enfrentam insegurança alimentar aguda.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.