Datafolha: 60% dos pardos não se consideram negros


Levantamento ouviu 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em 113 municípios brasileiros, entre os dias 5 e 7 de novembro. Consciência negra
Divulgação/Secretaria Estadual de Cultura
Mais da metade das pessoas que se autodeclararam pardas no Brasil não se identificam como negras, indicou a última pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (24). Segundo a pesquisa, seis em cada dez (60%) pardos não se consideram como negros, enquanto 40% se veem como tal.
Já entre os que se declaram pretos, 4% não se consideram negros, enquanto 96% se veem como tal.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em 113 municípios brasileiros, entre os dias 5 e 7 de novembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais (p.p.) para mais ou para menos no total da amostra, 5 p.p. para pretos, 4 p.p. para brancos e 3 p.p. para pardos.

A pesquisa ainda indica que 65% da população brasileira considera que a categoria negra é a soma de pretos e pardos. Esse percentual sobe para 67% entre os pardos e para 77% entre os pretos.
Além disso, o levantamento ainda mostra que 17% dos pardos afirmaram que já se sentiram discriminados pela sua cor. Entre os pretos, o número é de 56% e, entre brancos, o índice cai para 7%.

Os dados da nova pesquisa Datafolha vêm em meio ao número crescente de pessoas que se declaram pardos no país. Foi no Censo 2022, por exemplo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que o número de brasileiros que se declara pardos passou o de brancos e tornou-se o maior grupo racial do país pela primeira vez na história. À época, 45,3% dos brasileiros se autodeclaravam pardos.
Como o g1 já explicou, apesar de o Censo 2022 definir o termo pardo como “quem se identifica com mistura de duas ou mais opções de cor, ou rala, incluindo branca, preta e indígena”, o significado da palavra nem sempre foi esse.
Desde a fundação do IBGE, em 1936, o conceito mudou de sentido diversas vezes — e tiveram até anos que não havia uma explicação exata sobre quem a categoria deveria representar.
Foi apenas em 1950 que o termo “pardo” foi incorporado como categoria oficial, mas sem uma definição clara sobre o que significava. Assim, na época, a população indígena — termo que ainda não era incorporado como categoria pelo IBGE — também era incluída na contagem da população parda.
Para o Censo 2030, o IBGE indicou que há um debate sobre como definir a categoria. Até o final de 2023, havia quatro correntes que disputavam qual poderia ser o significado de “pardo”.
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59% dos brasileiros consideram que a maior parte da população é racista
Uma pesquisa Datafolha recente sobre racismo no Brasil já havia indicado que 59% dos brasileiros consideram que a maior parte da população do país é racista. Veja os números abaixo:
59% acreditam que maior parte da população é a racista
30%, que a menor parte é racista
5%, que todos os brasileiros são racistas
4%, ninguém é racista
2% não souberam responder
A percepção de que a maioria dos brasileiros é racista é majoritária tanto entre brancos (55%) quanto entre pretos (64%) e pardos (60%).
Segundo a Folha, 74% das mulheres acham que todos ou a maioria dos brasileiros são racistas. Entre os homens, esses dois grupos somam de 45%.
No Brasil, racismo é crime inafiançável e imprescritível.

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