Acordo Mercosul-China pode incrementar PIB do Brasil em até 1,4%

Um eventual acordo comercial entre o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a China traria ganhos de 1,43% ao PIB (produto interno bruto) brasileiro até 2035, segundo estudo do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China) divulgado nesta 4ª feira (11.set.2024). Os dados também preveem melhoras em investimentos, salários e índices de comércio exterior. Se as estimativas se confirmarem, o setor mais beneficiado será o agronegócio. Por outro lado, a indústria nacional seria prejudicada.

O Brasil teria ganhos de 1,43% do PIB, 7,3% de investimentos, 1,26% de aumento real de salários, 7,1% de exportações e 9,4% das importações”, afirma o relatório. Em números absolutos, o país teria o maior aumento do PIB entre os integrantes do Mercosul, de US$ 30 bilhões.

O bloco é formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Este último ingressou em julho deste ano e não foi contemplado no estudo. Suspensa desde 2017, a Venezuela também não integra o levantamento.

A estimativa é que o agronegócio brasileiro tenha um ganho total de produção de US$ 14,6 bilhões. Os mais beneficiados devem ser os produtores de carnes suína e de aves, o equivalente a US$ 5 bilhões (ou uma expansão de 15,7%).

Já a indústria de transformação deve registrar perdas de US$ 6,7 bilhões. As indústrias têxteis, de vestuário e calçados, de equipamentos eletrônicos e elétricos, e de máquinas estariam entre os setores mais prejudicados com um eventual acordo.

O levantamento foi realizado majoritariamente por técnicos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do Ministério do Planejamento), com financiamento parcial da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Segundo Renato Baumann, técnico de pesquisa e planejamento do instituto, é esperada reação “muito forte por parte das confederações e federações industriais”. Declarou na apresentação do estudo: “Alguns setores vão se ressentir. O que a teoria recomenda? Para esses setores, ter treinamento, capacitação de mão de obra, investimentos pontuais, específicos”.

Apesar das perdas, de acordo com o pesquisador, há uma tendência de que os produtos brasileiros ganhem competitividade e de que haja expansão das vendas para mercados como os Estados Unidos e a UE (União Europeia).

O importante é haver vontade política. Além disso, o acordo não deve envolver apenas o comércio, mas investimentos, por exemplo, para melhorar a infraestrutura nos países do Mercosul”, disse Baumann. O acordo é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por outros líderes do bloco, mas não tem previsão de quando será assinado.

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