Tabata critica frase de Frei Gilson, mas defende seu trabalho

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) comentou sobre a frase de Frei Gilson, um sacerdote carmelita criticado nas redes sociais por dizer que mulheres têm de atuar como “auxiliares” dos homens. Apesar de também o criticar pela declaração, a congressista defendeu o trabalho do religioso, o qual classificou como “transformador”.

Em vídeo publicado no X (ex-Twitter) na 4ª feira (12.mar.2025), Tabata Amaral falou sobre sua relação com a igreja católica, da qual é integrante ativo. Ela reconheceu que líderes religiosos, em diversas ocasiões, têm falas que são consideradas problemáticas por algumas pessoas. 

Obviamente, eu não concordo com essa frase [dita por Frei Gilson]. Quem conhece a minha luta na educação, pela dignidade menstrual, pela segurança das mulheres, pela ocupação dos espaços de poder sabe que toda a minha trajetória profissional vai na direção oposta dessa frase. Essa não é a 1ª nem vai ser a última vez que a gente vai ouvir uma liderança religiosa da nossa fé, ou da nossa igreja, dizer uma frase sobre mulheres com a qual a gente não concorda”, declarou a deputada.

Assista (4min10s):

Tabata, porém, afirma que não pode “deixar as discordâncias fazerem não olhar para o resto” e defende Frei Gilson. Para ela, o trabalho do religioso é “transformador”. A deputada afirmou encontrar “pontos de concordância” com o sacerdote.

Eu conheço o trabalho do Frei Gilson. Eu ouço suas músicas enquanto eu lavo a louça, enquanto arrumo a casa. Eu sei bem o que ele faz para tanta gente que o segue, que o acompanha. O trabalho do Frei Gilson é, de fato, transformador e essa popularidade toda, que as pessoas parecem ter descoberto agora, vem de uma conexão real que ele tem com as pessoas e isso não pode ser ignorado. E, apesar de discordar dessa frase específica, eu encontro muitos pontos de concordância com o Frei Gilson”, afirmou a deputada, declarando ainda que isso não concorda que desconformidades no pensamento “por mais graves que sejam, sejam usados para se apagar, para se deslegitimar toda trajetória, todo o bem que uma pessoa faz”.

Frei Gilson foi alvo de críticas por conta de posicionamentos. Internautas resgataram trechos de vídeos em que o religioso defende a “família brasileira” e outras pautas ligadas à direita. O sacerdote foi defendido por congressistas da oposição.

Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) e Silvia Waiãpi (PL-AP) foram alguns dos que se manifestaram nas redes sociais em apoio ao religioso nos últimos dias. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também o defendeu.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) gravou um vídeo e publicou em seus perfis nas redes sociais. A descrição dizia que os comentários vieram de pessoas que “odeiam” Cristo. “É simplesmente porque essas pessoas odeiam qualquer coisa que aproxima as outras pessoas de Deus”, declarou o político.

O deputado federal Eros Biondini (PL-MG) propôs na 2ª feira (10.mar) homenagear Frei Gilson. Segundo o congressista, o religioso usa “a música, as pregações e a orientação espiritual como instrumentos para a propagação dos valores cristãos”.

No documento apresentado na Casa Baixa, o congressista mineiro argumentou que o trabalho do frei “não se limita ao ambiente religioso” e reforçou a “importância da religiosidade na construção de uma sociedade mais justa e fraterna”.

QUEM É FREI GILSON

Gilson tem 38 anos. É um sacerdote católico e cantor brasileiro. Aos 18 anos, ingressou na Congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo e foi ordenado sacerdote em 2013. Atua na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Diocese de Santo Amaro, São Paulo.

Católico, o religioso fez uma live às 4h de 6 de março que teve a audiência de cerca de 1 milhão de espectadores no YouTube. Alguns veículos de imprensa publicaram notícias sobre o caso.

O Instagram do religioso tem 7,3 milhões de seguidores. Muitas das postagens são para divulgar as transmissões ao vivo. Segundo o frei, a ideia de fazer os programas começou durante a pandemia de covid-19, em 2020.

Também é cantor e toca violão pelo grupo Som do Monte. Na plataforma de música on-line Spotify, tem 1,3 milhão de ouvintes mensais.

As notícias sobre a live com audiência milionária trouxeram alguns comentários nas redes sociais. Internautas disseram que ele era bolsonarista e patrocinado pela produtora Brasil Paralelo.

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