Como Vilson Kleinubing se tornou prefeito de Blumenau (V)

A definição do Vice ideal

Desde o momento em que Kleinubing foi definido como candidato, tomamos a decisão de que o Vice deveria ser o Professor Victor Fernando Sasse. A escolha obedecia à lógica das circunstâncias: como o cabeça de chapa era alguém acusado de ser um alienígena, o parceiro precisavater incontestável condição de genuíno blumenauense. 

Sasse se encaixava à perfeição nesse retrato falado: nascido na cidade, respeitado, conhecido de todos, líder da Comunidade Luterana. Tinha sido também o candidato mais votado em eleição de Prefeito numa ocasião em que isso não bastava para ser o vencedor: estava em vigor o chamado “voto de legenda” pelo qual cada partido poderia lançar até três candidatos a Prefeito e o vitorioso seria aquele cujo partido conquistasse a maior votação, no conjunto de sua chapa ampliada. 

Sasse, pelo PDS, foi individualmente o mais votado, mas o MDB somou mais votos no conjunto dessa exótica legenda majoritária, e Dalto dos Reis foi eleito. Este desfecho aconteceu porque o único outro candidato da chapa de Dalto, o então ex-Prefeito Evelázio Vieira, o Lazinho, fez votação bem maior que a soma dos dois candidatos associados a Sasse.

Parte de matéria publicada pelo jornal O Município. Sasse teve 2.511 votos mais do que o eleito Dalto dos Reis.  

As dificuldades para conseguir o vice

Havia, contudo, um problema a ser resolvido. Sasse, filiado ao PL, tinha se prontificado a ser vice do candidato Pedro Cascaes, do PTB. Nessa condição, ele poderia levar para Cascaes votos que, de outra forma, seriam naturalmente de Vilson Kleinubing. Era outra razão que tornava indispensável integrá-lo ao nosso projeto.

Só Álvaro Valle podia confirmar o vice de Kleinubing

O Presidente nacional do PL era, naquele tempo, o Deputado Federal Álvaro Valle, diplomata de carreira, intelectual, uma figura de ponta na política brasileira. Sugeri a Kleinubing que eu fosse então conversar com o chefe do partido ao qual Sasse era filiado e concorreria a Vice-Prefeito. E, caso isso acontecesse, perderíamos nosso almejado candidato a Vice.

Não seria conveniente, entretanto, alguma tentativa direta do Presidente do PL de convencer Victor Sasse a mudar de planos e de chapa. Sasse, embora pessoa afável, costumava se tornar inflexível quando pressionado. Ele na verdade já se sentia desconfortável com o progressivo derretimento da candidatura Cascaes, mas, precisava de uma saída honrosa que o libertasse do seu compromisso. Nessas circunstâncias, a operação deveria ser mais drástica e direta: induzir o PL de Blumenau a retirar seu apoio a Cascaes e, melhor ainda, passar a integrar a coligação que apoiaria Kleinubing. 

Somando forças e fatos

Diante desse desafio a ser equacionado na conversa com um profissional da diplomacia, tratei de me munir de dois instrumentos convincentes. O primeiro foram as muitas pesquisas que deixavam claro que Pedro Cascaes, a esta altura, já não tinha a mais remota possibilidade de vencer a eleição e que Vilson Kleinubing era um candidato muito forte. O segundo elemento foi o convite que fiz a um amigo meu que também era amigo de Álvaro Valle: o igualmente intelectual, escritor, jurista e competente político Salomão Ribas Jr. Tínhamos sido colegas nas equipes de trabalho dos governadores Jorge Bornhausen e Henrique Córdova. Pedi que ele me acompanhasse na difícil conversa.

Salomão topou, viajamos para Brasília e fomos recebidos pelo Presidente do PL na sua residência. O encontro durou umas três horas. Muita conversa sobre política nacional e internacional, bastante troca de informações sobre a eventual, futura, administração de Vilson Kleinubing, alguns telefonemas, e a oportuna e habilidosa conversa de convencimento de Ribas que deu seu testemunho insuspeito sobre a superioridade, sob vários ângulos de avaliação, da candidatura de Kleinubing. 

A decisão saiu ali mesmo: Álvaro Valle telefonou para o Presidente do Partido Liberal de Blumenau, Luís Antônio Picolli, orientando que a agremiação se desligasse da candidatura de Cascaes e realizasse, o mais breve possível, uma reunião do Diretório local para homologar apoio à candidatura de Vilson Pedro Kleinubing. O partido viria a ocupar a Vice em uma chapa muito mais competitiva. Picolli compreendeu as razões da direção nacional do seu partido e tomou as providências indicadas. 

Sasse, o grande Vice de Kleinubing

Com a candidatura de Cascaes desandando nas articulações e nas pesquisas, e com seu PL tomando outro rumo, o Professor Victor Sasse incorporou-se ao projeto de Kleinubing, na condição de candidato a Vice-Prefeito.

Próximo Capítulo

A reunião com os empresários. Os recursos para a campanha.

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