Tradicional bloco paraense, ‘Pretinhos do Mangue’ arrasta multidão de foliões em Curuçá


Brincantes entraram no manguezal da reserva Mãe Grande de Curuçá para preparar o abadá natural: a lama do mangue. Foliões vão para o manguezal para se lambuzar de lama no ‘Pretinhos do Mangue’.
Taymã Carneiro / g1
A lama do mangue da Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá foi o abadá de milhares de foliões em Curuçá, no nordeste paraense, neste domingo (2) de Carnaval.
Um dos mais tradicionais do estado, o bloco “Pretinhos do Mangue” passou por volta das 17h pela Avenida Sete de Setembro durante a tarde. Nem a chuva desanimou os brincantes.
Um dos destaques do bloco foi um carrinho “Barraca do Avuado”, onde foliões cozinhavam caranguejos e levavam peixes assados.
Os personagens começaram a se preparar desde às 15h para seguir pelo 1 km de percurso. Entre eles, Osvaldina Cardeal levando o filho Silvio Cardeal em uma cadeira de rodas. “Todo ano a gente vem de Ananindeua curtir o Carnaval aqui de Curuçá”.
Outro folião resolveu “camuflar” de lama até a caixa térmica onde levava as bebidas. Guilherme Braga, conhecido como “Amiguinho de Curuçá”, mora em Belém e curte o bloco há cerca de 30 anos com a família do bairro Alto Curuçá.
Outro no meio da folia era o Ministro do Turismo Celso Sabino participou da concentração do bloco, na rampa de acesso à reserva.
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Celso comentou que escolheu participar do carnaval que é um dos mais tradicionais do estado, no local onde o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realiza trabalho de preservação dos manguezais.
“Em ano de COP da floresta, estamos em um carnaval que faz apelo de sustentabilidade. E esse ano a prefeitura organizou um belíssimo carnaval, nesta cidade conhecida pela sua gastronomia excepcional e totalmente dedicada ao Carnaval”.
Sabino também comentou dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontando que o período de folia deve injetar R$ 12 bilhões na economia brasileira. Ele destacou ainda o aumento do setor no estado do Pará.
“No ano de 2024 superamos todas as marcas, o Aeroporto Internacional de Belém bateu recordes com 4,1 milhões de passageiros. E com a COP 30 os destinos turísticos do Pará vão entrar ainda mais no mapa de interesse de turistas do mundo inteiro. Desejo um carnaval de alegria, felicidade, harmonia e com segurança e moderação a todos”.
Tradição e preservação
A história da cidade relata que o banho de lama começou no carnaval de 1989, quando dois brincantes, Everaldo Campos e Sebastião, resolveram ir ao mangue coletar alguns caranguejos e encontraram escassez. Para protestar, eles saíram no corredor da folia lambuzados e fantasiados com galhos do mangue.
Assim nasceu o bloco “Pretinhos do Mangue”, reconhecido como patrimônio cultural do Pará e reúne milhares de foliões, cobertos de lama.
Presidido pelo professor Edmilson Campos, o “Cafá”, que se dedica 25 anos na festa, o bloco é uma expressão do carnaval da cidade que fala da relação dos moradores com os manguezais e da questão ambiental.
O município de Curuçá tem cerca de 35 mil habitantes e 66% do território são manguezais, que correspondem à Reserva Extrativista Mãe Grande do Curuçá. O mangue também faz parte do cotidiano. Na região, entre os principais pratos dos curuçaenses estão o caranguejo, mexilhões, camarão e outros frutos do mar.
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