Haddad atribui tensão no mercado financeiro à “turbulência” nos EUA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (25.fev.2025) que as tensões dos agentes financeiros estão relacionadas à “turbulência” de políticas econômicas nos Estados Unidos. Defendeu que as medidas adotadas no país norte-americano têm impacto global e que outros países também estão no cenário de incertezas.

Haddad participou do “CEO Conference 2025”, organizado pelo BTG Pactual. Ao ser questionado sobro a volatilidade nos últimos tempos dos ativos financeiros, como o dólar comercial, que atingiu R$ 6,27 em dezembro, ele comparou o cenário econômico atual com o de 2002, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito para o 1º mandato.

Haddad afirmou que o momento era mais delicado no passado e que os agentes financeiros estão mais tensos agora em 2024. Disse que a taxa Selic era de 25% e a inflação superava 12% em 2002. Além disso, a composição da dívida era predominantemente em dólar.

“Ninguém dizia que o Brasil ia quebrar, nem o Fernando Henrique [Cardoso], nem o Lula disse e nem o mercado disse. […] Eu acho que o mercado hoje está muito mais tenso do que em outros tempos”, declarou Haddad.

O ministro disse que o contexto geopolítico é desafiador e há uma “turbulência” na economia dos Estados Unidos. Sem citar o presidente norte-americano, Donald Trump, declarou haver uma “falta de previsibilidade” do que autoridades vão fazer.

Para ele, a tensão atual está relacionada à dependência do mundo em relação às decisões dos EUA. “Não é no Brasil. Está todo mundo tenso. É rara a semana que eu não converso com alguma autoridade de outro país. Há tensão no México, na Colômbia, no Chile, que são países relativamente organizados, na China, no Oriente Médio”, disse Haddad.

O ministro declarou que os EUA querem abaixar o preço do petróleo “na marra” no Oriente Médio. Segundo Haddad, o país norte-americano quer definir até o preço da commodity.

“A situação externa é mais desafiadora. Nós tivemos um deslocamento maior da economia brasileira em dezembro do que outros países, mas, do começo do ano para cá, as coisas estão se acomodando de um patamar mais próximo do que vivem os nossos pares”, disse Haddad.

DÍVIDAS 2002 E 2024

Haddad disse que a DLSP (Dívida Líquida do Setor Publico) de 2002 era “muito parecida” com a atual antes do presidente Lula assumir o governo, em 2003. Segundo dados do Banco Central, era de 59,9% do PIB em dezembro de 2002. Subiu para 61,1% do PIB em dezembro de 2024. A alta foi de 1,2 ponto percentual.

O Poder360 já mostrou que a DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) subiu de 71,7% em 2022 para 76,1% do PIB em 2024. A alta foi de 4,4 pontos percentuais no governo Lula. Em valores, o estoque atingiu R$ 9 trilhões.

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