Em encontro com Bolsonaro, Kassab sinaliza com anistia e promete trabalhar apoio do PSD

No encontro inédito promovido por Tarcísio de Freitas na última segunda-feira, Gilberto Kassab e Jair Bolsonaro selaram as pazes e o cacique do PSD prometeu ao ex-presidente trabalhar junto às bancadas do partido no Congresso para apoiar o projeto de Lei da Anistia. Não houve um almoço como noticiado em alguns veículos de imprensa, mas uma reunião amigável, definida como uma “excelente conversa”. Para Kassab, ajudar na pauta da Anistia é fundamental para pacificar sua relação com o bolsonarismo, já que integra o núcleo do governo Tarcísio e sonha com a vaga de vice numa chapa de reeleição em 2026.

Essa aproximação com Bolsonaro, há muito desejada pelo próprio governador, deve selar o afastamento de Kassab e do PSD da gestão Lula III. Nas últimas semanas, o pessedista fez críticas públicas aos erros do petista, sua resistência a ceder postos estratégicos no governo e ainda chamou Fernando Haddad de fraco. Quem conhece sabe que Kassab é obcecado por pesquisas e elas já mostravam uma reversão de expectativas sobre Lula, apontando para uma tendência de perda de sustentação. A velocidade de queda, porém, se acelerou e deve cobrar um reposicionamento imediato das forças políticas de centro, que passam a olhar para a direita em 2026.

Nesse sentido, não só o PSD, mas PP, União Brasil, Republicanos e MDB ensaiam um alinhamento com Bolsonaro naquela que é sua pauta mais urgente: a anistia dos presos do 8 de janeiro. Hoje, até o Globo publicou editorial inédito questionando o tamanho das penas aplicadas pelo STF aos patriotas.

Na segunda-feira, o ministro da Defesa, José Múcio, também surpreendeu a todos ao dizer, em alto e bom som, que não houve golpe. E isso na semana em que o relator especial sobre Liberdade de Expressão da OEA veio ao Brasil verificar as denúncias de parlamentares, jornalistas e entidades da sociedade civil que reclamam de censura e perseguição política. O próprio presidente da Câmara, Hugo Motta, já repetiu na semana passada que a invasão às sedes dos Poderes foi grave, mas não houve golpe e pronto.

Desde a eleição de Donald Trump, os ventos do poder começaram a mudar de direção e eles sopram para a direita.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.