Recursos para indústria inovar batem recorde em 2024, aponta CNI

Principal fundo de ciência e tecnologia do país, FNDCT chega a R$ 12,7 bilhões. Empresas e Finep investem R$ 21,2 bilhões em 1,4 mil projetos; confira valores por missão da NIB

De 2023 para 2024, valores investidos em projetos relacionados com as missões da NIB quase triplicam

De 2023 para 2024, valores investidos em projetos relacionados com as missões da NIB quase triplicam

 

O fortalecimento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e o lançamento da Nova Indústria Brasil (NIB), com linhas especificas para inovação, fizeram de 2024 o ano de maior volume de recursos disponíveis para o setor industrial inovar.

 

 

Principal instrumento público de financiamento de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) no país, o FNDCT alcançou R$ 12,7 bilhões de orçamento e execução. Os recursos são usados para apoiar atividades de inovação e pesquisa em empresas e em instituições científicas e tecnológicas (ICTs), nas modalidades de financiamento reembolsável e não-reembolsável.

 

 

Já pela NIB, em 2024, foram investidos via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) R$ 21,2 bilhões em 1.416 projetos, sendo R$ 17,832 bilhões da Finep e R$ 3,375 bilhões das empresas em contrapartida. Os valores do ano passado, são quase três vezes maiores que os de 2023 – aumento de 171% nos recursos para inovação (mais informações abaixo).

 

 

Para a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) – movimento criado e coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com as empresas que mais investem em inovação no país -, o FNDCT é um dos pilares para viabilizar as iniciativas da Nova Indústria Brasil.

 

 

“Com mais recursos, o FNDCT demonstrou ser capaz de acelerar o desenvolvimento científico brasileiro em questões prioritárias definidas pela atual política industrial, como descarbonização, transformação digital, defesa, saúde, infraestrutura e mobilidade”, exemplifica André Clark, coordenador da MEI e vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina.

 

 

Entre as missões da NIB, ele cita a de bioeconomia e transição energética, para as quais o Brasil tem enorme potencial. O diretor de Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes, lembra que o país tem a chance de assumir um papel de destaque mundial não só pelos atributos naturais e pela força do setor produtivo, mas também por sediar a COP30, em novembro em Belém (PA).

 

 


“Para que soluções de redução das emissões de CO2 e de combate às mudanças climáticas possam surgir, startups, centros de pesquisa, grandes empresas e investidores precisam de apoio para acharem o equilíbrio da equação entre risco e retorno ao investir em inovação. É aí que entram os instrumentos de financiamento, como o FNDCT. Com a COP, temos a oportunidade de mostrar o que temos feito com os incentivos”, justifica Gomes.

 

 


Fundo se fortalece após anos de contingenciamento

Pedro Wongtschowski, que coordenou a MEI por muitos anos, lembra que o FNDCT passou por cortes sistemáticos antes de ser reconhecido como instrumento decisivo para o progresso econômico, ambiental e social que o setor público e privado e a sociedade civil almejam.

 

 

Pelo gráfico abaixo, é possível compreender o impacto do contingenciamento (“LOA reserva de contingência”, em amarelo) no orçamento do fundo. Até o ano passado, o maior orçamento tinha sido em 2013, com R$ 10,3 bilhões. De 2016 até 2022, além do orçamento ter caído, houve uma sequência de contingenciamentos – em 2020, por exemplo, 65% do valor do orçamento foi contingenciado. De 2023 para o ano passado, além de liberar integralmente os valores, houve um aumento de 27,8% no orçamento.

 

 

“Em 2023, o orçamento foi integralmente recomposto, alcançando quase R$ 10 bilhões em recursos não reembolsáveis e crédito. No ano passado, ultrapassou R$ 12,7 bilhões e, em 2025, deve atingir novo recorde. O aumento progressivo deve ajudar a atender parte da demanda reprimida por investimentos”, acredita Wongtschowski.

 

 

Para o empresário, a prova de que existe uma demanda reprimida foi o Programa Mais Inovação, da NIB, que destinou R$ 2,3 bilhões a projetos empresariais em parceria com ICTs e recebeu propostas que superaram em cinco vezes a oferta de recursos.

 

 

Recursos para inovação dentro da NIB

A política de reindustrialização do país, a NIB, prevê o financiamento de projetos de inovação por meio de recursos de diferentes órgãos e instituições; e a Finep, vinculada ao MCTI, é um dos operadores da política, sendo responsável também pela gestão dos recursos do FNDCT.

 

 

Entre o final de 2023 e 2024, a Finep lançou mais de uma dezena de chamadas, a maior parte delas em fluxo contínuo, com funding de subvenção econômica – o mais nobre dos recursos destinados à inovação, não retornáveis pelas empresas –, para desafios tecnológicos e de inovação nas ações de reindustrialização.

 

 

Também o instrumento reembolsável, isto é, o crédito à inovação remunerado a Taxa de Referência (TR), impulsionou projetos relevantes associados às missões NIB nas empresas, em volumes inéditos e num quadro adverso, de elevado custo de capital para a produção no sistema bancário e mesmo no mercado de capitais no Brasil.

 

 

 

 

 

FINEP na NIB por Unidade da Federação

Investimentos e número de projetos na NIB via Finep com contrapartida das empresas por UF em 2023 e 2024:

 

 

Exemplos de projetos apoiados

Missão I – Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais

  • P&D contínuo para melhoramento genético de milho: R$ 106,2 milhões (reembolsável + contrapartida)
  • Bioinsumo para reduzir uso de fertilizantes químicos nitrogenados: R$ 20 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Drones para agricultura de precisão: R$ 7,8 milhões (subvenção + contrapartida)

Missão II – Complexo econômico industrial da saúde

  • Desenvolvimento de anticorpos monoclonais para suprir demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) por tratamentos mais eficazes para o câncer e reduzir a dependência de medicamentos biológicos importados, que representam alto custo para o país: R$ 48,4 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Cannabis medicinal: R$ 18,6 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Formulações lipídicas para vacina de MRNA da raiva humana e outras aplicações: R$ 14,9 milhões

Missão III – Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis

  • Desenvolvimento e validação de protótipos de packs de bateria para veículos elétricos e de seus componentes para reduzir dependência tecnológica estrangeira de soluções de baterias de lítio: R$ 16 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Asas de alta eficiência aerodinâmica: R$ 126 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Barco voador: R$ 10,5 milhões

Missão IV – Transformação digital da indústria

  • Robô móvel autônomo inteligente integrado a redes neurais para reduzir dependência externa na área de robótica móvel industrial e melhorar produtividade e segurança na área de logística. Apoio: R$ 10,5 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Interface física (PHY) e memórias DRAM para inteligência artificial. Apoio: R$ 13,7 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Pré-treino e ajuste fino de grande modelo de linguagem (LLM) para interpretação e análise jurídica com inteligência artificial. Apoio: R$ 10 milhões (subvenção + contrapartida)

Missão V – Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas

  • Produção de hidrogênio a partir do biogás. Assim, será possível converter dois gases de efeito estufa, o CH4 e CO2, em hidrogênio. Apoio: R$ 12,5 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Eletrolisador tecnologia PEM para produção de hidrogênio verde. Apoio: R$ 22,4 milhões (subvenção + contrapartida)
  • Desenvolvimento de SAF a partir do biogás. Apoio: R$ 11,5 milhões (subvenção + contrapartida)

 

 

The post Recursos para indústria inovar batem recorde em 2024, aponta CNI appeared first on FIERN.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.