Motta sobre condenações do 8 de Janeiro: “Há desequilíbrio”

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu a sua opinião pessoal sobre a anistia aos condenados pelos ataques do dia 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depredaram as sedes dos três poderes em Brasília.

“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente, inimaginável. Mas querer dizer que foi um golpe? Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, e não teve isso, foram vândalos, baderneiros, que queriam demonstrar sua revolta”, disse Motta, em entrevista à rádio paraibana Arapuan FM, nesta 6ª feira (7.fev).

Jair Bolsonaro é acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de ter incitado publicamente os crimes praticados no 8 de Janeiro. 

Para Motta, as instituições já deram a resposta. “Não pode penalizar uma senhora que passou na frente, não jogou uma pedra e condenar a 17 anos. Há um certo desequilíbrio nisso. Devemos punir quem quebrou, mas não dá para exagerar nas penalidades para quem não cometeu atos de tanta gravidade”, declarou.

POSIÇÃO REGIMENTAL

Segundo Motta, essa é sua opinião pessoal, mas como presidente da Casa, ele não vai se posicionar de forma isolada. 

“Será um tema que vamos analisar e digerir. O diálogo tem de ser constante. (Minha candidatura) foi uma construção política ampla, não se pode me exigir que eu desbalanceie minha atuação. É um tema complexo, que causa tensão”, afirmou.

Motta manteve o discurso de que vai evitar temas polêmicos no início de sua gestão na Câmara. Ele foi eleito presidente da Casa Baixa no sábado (1º.fev), com apoio do PT, PL e mais 16 partidos. 

FICHA LIMPA

O presidente da Câmara ainda reforçou a sua opinião sobre o projeto que muda a Lei da Ficha Limpa para que os condenados fiquem 2 anos inelegíveis e não mais 8 anos. “Quando se tem eleição de 2 em 2 anos, 8 anos na política brasileira é uma eternidade”, disse.

Porém, mais uma vez, declarou que a decisão de pautar ou não o projeto será do colégio de líderes. “As pessoas que vão defender é que têm de levar os argumentos para o colégio de líderes e para a Casa. Eu tenho de tratar de maneira regimental, até porque tive apoio dos dois lados”, afirmou.

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