EDITORIAL: IMPEACHMENT REJEITADO, CREDIBILIDADE DE RAMOS ABALADA E A INÉRCIA DE ANDRÉ DE OLIVEIRA

Impeachment contra o prefeito foi rejeitado na Câmara

A 1ª Sessão Ordinária de 2025 na Câmara de Itapema revelou, mais uma vez, os dilemas e contradições da política local. Enquanto o pedido de impeachment contra o prefeito Alexandre Xepa (PL) foi rejeitado por unanimidade – evidenciando a fragilidade dos argumentos que sustentaram a denúncia – a sessão expôs comportamentos questionáveis entre os próprios legisladores.

No centro desse cenário está o vereador Saulo Ramos, que, ao levar a público denúncias e áudios, que sugeriam irregularidades na gestão municipal, acabou tendo sua credibilidade abalada. Contudo, a dinâmica dos bastidores revela um enigma: durante anos, o vereador André de Oliveira, que tinha conhecimento das irregularidades que motivaram o pedido de abertura da Comissão Especial de Inquérito (CEI), permaneceu nas sombras. Como liderança da comunidade, Oliveira nunca se posicionou publicamente, optando por esperar que outro – neste caso, Ramos – tomasse a dianteira e “desse a cara a tapa”. Essa postura, que pode ser interpretada tanto como hipocrisia quanto oportunismo, levanta sérias dúvidas sobre o comprometimento ético dos representantes eleitos.

Desta feita, vale lembrar um episódio similar que também suscita questionamentos: enquanto o cidadão Gerson Rodrigues de Souza protocolou um pedido de cassação da prefeita Nilza Simas – alegando que ela teria excedido o teto de gastos públicos do município, conforme parecer do Tribunal de Contas –, muitos permanecem escondidos atrás do anonimato ou de suas redes sociais. A pergunta de fato é: quando o vereador fará a sua denúncia e representará os órgãos de controle enquanto cidadão? Até onde temos conhecimento, desconhecemos qualquer movimento por parte de André de Oliveira. Permanecerá ele por trás do toco ou exercerá seu mandato com transparência, sem recorrer a oportunismos ou a manobras midiáticas para tirar “a fotinha” ou gravar vídeos para agradar a massa?

São perguntas sem respostas claras: o pedido de abertura da CEI é de autoria exclusiva de Ramos ou ele abriu mão dessa autoria em troca de alguma vantagem obscura? Quem ganha ou perde com essa estratégia? Por que Ramos procurou apenas o vereador André de Oliveira, e não buscou o apoio de outros colegas para compartilhar a descoberta e viabilizar a investigação? Teria ele agido por insegurança ou esse caso seria apenas um daqueles que busca holofotes, com objetivos que permanecem obscuros e que, em última instância, podem acabar “em pizza de pimenta”?

A sessão de 2025 evidencia a necessidade de uma atuação mais corajosa e consistente dos parlamentares. Se a fiscalização do poder executivo é indispensável para o equilíbrio democrático e para a transparência na gestão pública, ela deve ser exercida com base em princípios sólidos – sem que denúncias se transformem em instrumentos de disputa ou estratégias para ganhos de visibilidade política. A política exige integridade, coragem e responsabilidade contínua, e cabe aos líderes assumir seus deveres de forma proativa e transparente, para que a população possa confiar na eficácia e seriedade do processo legislativo.

Só resta acompanhar com lupa se o vereador André Oliveira fará um trabalho voltado efetivamente ao interesse público, ou se ficará à mercê de “carona” em denúncias de terceiros e, mais importante, se ele vai trabalhar em prol da sociedade ou se vai amanhã trabalhar para atingir interesses políticos.

Da redação

 

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